Deslocamento de policiais do interior é política do “cobertor curto”

sartori_confusoEm mais uma medida guiada pela necessidade de melhorar sua imagem, o governador Sartori/PMDB convocou 400 policiais militares e mais de 20 policiais civis, para reforçar o policiamento da capital e da região metropolitana. A medida foi tomada em uma tentativa de resposta a mais uma onda de latrocínios em Porto Alegre.

Mais uma vez o governador age de acordo com os acontecimentos. A única preocupação é a sua imagem perante a opinião pública. É um verdadeiro absurdo que um governo que está se encaminhando para o seu último ano de mandato, ainda tome atitudes na base do improviso. Mais grave ainda, quando isso acontece em uma área que lida com a vida dos cidadãos, como a segurança pública.

Retirar policiais do interior, que sofre quase diariamente com assaltos a banco e uma violência crescente, para tentar estancar a escalada da violência que acomete a capital e a região metropolitana é a velha política do cobertor curto. Para a população do interior, vai representar mais violência e menos assistência da polícia. Para as pessoas que vivem na capital e na região metropolitana, esse reforço significará apenas mais uma ilusão. Após o fim da cessão dos policiais, a realidade da falta de efetivo voltará de forma mais cruel ainda. Será apenas questão de tempo para assistirmos mais um pai fazendo uma declaração dramática após a perda de um filho.

Após dois anos e três meses, Sartori/PMDB ainda não tem política de segurança

O governador Sartori/PMDB tomou posse em janeiro de 2015. Logo em seu primeiro mês de mandato publicou um decreto que contingenciava todos os investimentos do governo. As contratações de novos servidores eram suspensas e os concursos públicos proibidos. Entre as contratações suspensas, estava a convocação, já aprovada pelo governo anterior, de 650 policiais civis e mais de 2000 policiais militares. Somente dois anos depois esses policiais foram efetivados. Naquela época, a UGEIRM já alertava que tais medidas significariam uma explosão da violência no nosso estado. Hoje, mais de dois anos depois, o próprio governador declara que “somos reféns da criminalidade”, como se esse fato não fosse decorrente das suas próprias atitudes.

Para o presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, “realmente somos reféns da criminalidade. Mas essa situação tem seus responsáveis. O principal deles é o governador e a sua política de Estado mínimo. Essa política significa isso que está acontecendo. Diferente do que Sartori/PMDB tenta nos convencer: menos Estado significa menos segurança, menos educação e menos saúde. E o combate à violência passa por mais investimentos exatamente nessas áreas”. Para Ortiz “não podemos mais ficar submetidos a uma política na área de segurança que pensa mais na imagem do governo, do que na vida dos gaúchos. Retirar policiais de cidades que, muitas vezes, contam somente com dois policiais é entregar essas cidades aos ladrões de bancos. Será que para o governador e seu suposto secretário de segurança, o crime que não sai nos jornais não tem importância?”.

Solução é novo concurso público para policiais civis e militares

Apenas a contratação de novos policiais não vai resolver todos os problemas da segurança pública. Porém, sem policiais para implementar uma política de segurança, qualquer proposta se torna um engodo e uma tentativa de enganar a opinião pública. Para o diretor da UGEIRM, Pablo Mesquita, “precisamos, urgentemente, de um novo concurso para contratação de novos policiais. As contratações realizadas no último ano, não conseguiram repor nem as saídas do último período. Deslocar policiais do interior para a capital não vai resolver o problema da população de Porto Alegre e vai piorar a situação, já bastante grave, dos moradores do interior. Hoje, começamos a ver no interior do estado, a volta de crimes quase extintos no RS, como o assalto a bancos, inclusive com a tomada de reféns. O que os gaúchos precisam é de uma efetiva reposição de pessoal e não de medidas midiáticas”.