Polícia Civil resgata mulher mantida em cativeiro por ex-companheiro em Viamão
Atual companheiro da vítima e criança de seis anos foram agredidos a marteladas.
Uma mulher de 20 anos foi resgatada pela Polícia Civil, neste sábado (18), em Viamão, após ser retirada à força de casa e mantida em cativeiro por mais de 18 horas pelo ex-companheiro, também de 20 anos. A vítima havia sido levada na noite de sexta (17) pelo homem que, antes de arrastá-la, agrediu a marteladas o atual namorado da mulher e uma criança de seis anos que vivia no local. Ambos foram atendidos no Hospital de Viamão e estão fora de perigo.
O ex-companheiro, cujo nome não foi divulgado pela Polícia Civil, levou a vítima afirmando, a todo momento, que iria matá-la. Conforme a delegada Jeiselaure Rocha de Souza, o homem já tinha antecedentes por violência doméstica. Ele não aceitaria o fim do relacionamento e costumava ameaçar a mulher com frequência para obrigá-la a reatar.
A vítima estava em casa com duas filhas pequenas (além da criança agredida), o atual namorado e outros familiares quando houve a invasão. A ação de resgate, após buscas, coleta de testemunhos e diligências, foi realizada pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Viamão com apoio da Equipe Volante, do Serviço de Inteligência Policial e Análise Criminal (Sipac) e da 1ª Delegacia de Polícia de Viamão.
A vítima relatou aos policiais que foi arrastada por uma área de matagal até o local do cativeiro, em uma propriedade no Beco da Servidão, bairro Itapuã. O agressor teria dito que “se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém” e que, se tentasse fugir ou chamar a polícia, mataria a ex-companheira, as filhas dela — de nove meses e três anos — e outros familiares.

O homem conseguiu fugir e seguia sendo procurado pelos policiais. Um segundo homem envolvido no caso, que teria ajudado a manter a vítima em cativeiro, foi preso em flagrante e autuado por sequestro e cárcere privado. A vítima e suas filhas, conforme a Polícia Civil, estariam em local seguro e passam bem.
A delegada destaca que o suspeito preso, que seria um amigo do agressor, negou participação no crime ao ser ouvido pela polícia. No entanto, segundo Jeiselaure a versão do detido é desmontada pelo depoimento da vítima e outros elementos colhidos na investigação:
— Ele disse que não tinha conhecimento do cárcere, negou envolvimento na questão do cárcere, mas ficou comprovado pelo depoimento da vítima e pelas mensagens de telefone trocadas com os familiares que ele tinha conhecimento sim, o tempo todo.
A delegada disse que a polícia já está atuando, em paralelo às buscas pelo agressor, para tentar a decretação de prisão preventiva dele. Ao explicar o embasamento usado nesse pedido, Jeiselaure destacou que não é descartada a possibilidade de o suspeito responder também por tentativa de feminicídio, o que vai depender de laudos e do decorrer das apurações.
— Tem a questão das lesões corporais, das ameaças que ele fez pra ela antes disso mesmo, que foram comprovadas. Tem a questão do sequestro, do cárcere privado. Nós estamos analisando o contexto, inclusive, das agressões, aguardando os laudos, avaliando uma possibilidade de tentativa de feminicídio — pontuou.