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Agentes do DEIC da PC prendem golpistas que simulavam campanhas de doações para o RS

Policiais Civis do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais) realizaram, na última sexta-feira (25) uma busca em uma cobertura de luxo em Balneário Camboriú (SC), como parte de uma investigação que procurava descobrir os responsáveis por fraudes que se aproveitaram do momento de calamidade no Estado para lucrar pela internet.

Um adolescente de 16 anos, que usa as redes sociais para divulgar a vida de alto padrão, tornou-se um dos investigados dentro da chamada Força-Tarefa Cyber — criada para apurar estelionatos virtuais e casos de disseminação de notícias falsas envolvendo as inundações no RS. Dentro do imóvel em Santa Catarina, os policiais localizaram mais dois suspeitos, um de 17 e outro de 20 anos.

Quando entraram no imóvel, os agentes se depararam com os três jovens, sozinhos, numa cobertura de luxo, trabalhando com dinheiro ilícito, obtido pela internet. No momento em que foram surpreendidos pelos policiais, eles estavam praticando diversos golpes virtuais. A investigação aponta que o trio seria integrante do mesmo grupo, especializado em aplicar golpes pela internet, utilizando diferentes contextos. O adolescente de 16 anos é natural de Santa Catarina, enquanto os outros dois são do Alagoas e do Rio Grande do Norte. Os três teriam se unido para a prática dos estelionatos. A polícia ainda apura há quanto tempo o grupo estava atuando.

Sofisticação do golpe chamou a atenção da Polícia Civil

O grupo era especializado em golpes que se utilizam de acontecimentos que chamam a atenção da população, para praticar estelionatos extremamente lucrativos. No caso das enchentes do Rio Grande do Sul, segundo a polícia, foi criado um site, simulando uma campanha do governo do RS. A partir dali, havia um link para outro site falso, com uma vaquinha virtual. Por meio dessa página, era acessado um QR Code (processado por meio de uma loja virtual) para pagamento por Pix. A partir dali, quando a pessoa pensava estar fazendo a doação é que se concretizava o golpe.

O dinheiro era encaminhado para um gateway de pagamento, que faz a intermediação entre a pessoa que está comprando e a instituição financeira. O gateway direcionava esse pagamento para onde o golpista, o titular daquela conta, havia definido. Neste caso, segundo a polícia, o adolescente, como era sócio proprietário de uma empresa de consultoria online, direcionava o valor do gateway de pagamento para a empresa dele. Esse valor chegava na conta desse golpista como se fosse a aquisição de um produto ou serviço. Ele fazia todo esse caminho para dar a aparência de licitude ao dinheiro arrecadado.

Equipamentos encontrados no apartamento tem valor estimado em cerca de R$ 200 mil

O aluguel do imóvel de luxo em Balneário Camboriú, segundo a polícia, era dividido pelo trio. Dentro do apartamento havia equipamentos de informática com valor estimado em cerca de R$ 200 mil. Foram apreendidos computadores, celulares, HDs e outros equipamentos que serão analisados para tentar extrair provas.

Como há envolvimento de menores de 18 anos, a investigação passará a contar com apoio da Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) para apurar os atos infracionais. Os adultos identificados seguirão sendo investigados pelo Deic. A polícia apura, entre outros crimes, a prática de estelionato, associação criminosa e uso de documento falso. Houve determinação da Justiça, a partir de pedidos da polícia, para o bloqueio de contas no valor de até R$ 1 milhão. Os policiais ainda investigam qual o valor que foi movimentado pelo grupo desde o início do esquema.

O que é a Força-Tarefa Cyber da Polícia Civil gaúcha?

Enquanto socorriam vítimas das inundações que atingiram o estado no início de maio, policiais militares foram informados de que um banco havia sido explodido em Canoas, no bairro Mathias Velho. Ao se deslocarem para o local, em embarcações e num helicóptero, os policiais verificaram que nada havia acontecido. Na mesma semana, policiais civis seguiram até o bairro Menino Deus, onde havia relatos de que criminosos armados mantinham reféns. A situação também não se confirmou. A disseminação de fake news (notícias falsas) tem sido um dos maiores desafios das forças de segurança, no enfrentamento às enchentes que devastaram o nosso estado.

Em paralelo a isso, criminosos também se utilizam das redes sociais para aplicar golpes, especialmente em quem está disposto a ajudar. A situação levou à criação da força-tarefa Cyber, que tenta atacar esses dois crimes. Até o momento, segundo o Deic, 19 sites e 38 perfis de redes sociais foram retirados do ar. Ao todo, 28 inquéritos foram abertos, sendo que oito são por suspeita de disseminação de fake news e 20 por casos de estelionato virtual. A chamada Força-Tarefa Cyber inclui os órgãos de inteligência, a Secretaria de Comunicação do governo do Estado e a área investigativa do Deic, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações.

Esses golpes virtuais e a divulgação de notícias falsas, tem atrapalhado o andamento do trabalho das forças de segurança e o trabalho de voluntários junto ao poder público. Entre as notícias falsas, a polícia detectou dois enredos principais: um deles divulga informações falsas sobre crimes em áreas alagadas, como saques, roubos e crimes sexuais. Ao investigar, a polícia descobre que a maioria dos casos se tratam de informações falsas. Essas notícias causam um alarme e uma sensação de insegurança desmedida, que atrapalham o andamento dos serviços de segurança pública, pois toda notícia que chega é investigada e, até se descobrir que é falsa, é despendida uma energia e movimentação das forças de segurança, que poderiam ser direcionadas nas atividades de resgate, patrulhamento e segurança nos abrigos e áreas atingidas pelas enchentes.