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8 de março, dia de celebrar as conquistas e renovar a luta por mais direitos e igualdade

Hoje é dia de comemorarmos o Dia Internacional das Mulheres, um dia de luta e celebração. Luta por mais direitos e por igualdade, com celebração pelos avanços resultantes da organização e mobilização das mulheres. É importante destacar que, se hoje ocupamos vários espaços de poder e somos 41% do efetivo da Polícia Civil, para citarmos apenas alguns avanços, nada disso foi dado. Todas as conquistas aconteceram como resultado da luta cotidiana e incansável das próprias mulheres. Por isso, hoje é dia de celebrar e homenagear todas essas mulheres.

Porém, o caminho em busca de direitos e oportunidades iguais ainda é longo. Um bom exemplo, é a luta das mulheres policiais pela aposentadoria diferenciada por gênero na Polícia Civil. Nunca. A reforma da Previdência, que foi aprovada durante o último governo, criou o absurdo, de transformar as mulheres policiais na única categoria que não têm o direito à aposentadoria diferenciada em relação aos homens. As mulheres lutaram de 1988 até 2014, para regulamentar a aposentadoria diferenciada em relação aos homens. Isso só foi conquistado em 2014, exatamente quando tínhamos uma mulher na Presidência da República. Porém, a conquista só durou cinco anos e em 2019 o direito foi retirado na reforma da Previdência. Quando igualou o tempo de contribuição entre homens e mulheres e acabou com a redução de cinco anos no tempo de contribuição e na idade para a aposentadoria das mulheres, o governo e os parlamentares da época, ignoraram a realidade verificada no dia a dia, em que as mulheres cumprem duplas e até triplas jornadas de trabalho. Ataques como esse, fazem parte do machismo estrutural presente na nossa sociedade.

Na Polícia Civil, a luta das mulheres por igualdade é cotidiana e necessária

A desigualdade enfrentada pelas mulheres na sociedade, é refletida diretamente na nossa Instituição. Uma das maiores consequências dessa desigualdade na Polícia Civil, é o não reconhecimento do trabalho feminino, que causa desmotivação e, muitas vezes, adoecimento físico e mental nas mulheres policiais. A cultura de que é necessário que as mulheres tenham que provar a sua capacidade constantemente, para ter o mesmo reconhecimento que os homens, ainda é comum na Instituição. Essa diferenciação se dá, na maioria das vezes, de forma velada, através de comentários em tom de brincadeira ou de forma dissimulada. Em reuniões realizadas pelo sindicato, os relatos das mulheres demonstram que o assédio moral ainda persiste dentro da polícia civil e causa sérias dificuldades ao trabalho das policiais, se refletindo, muitas vezes, na própria saúde física e mental das mulheres. Nesse dia 8 de março, é importante lembrarmos o caso da Escrivã de Polícia mineira, Rafaela Drumond, vítima de assédio moral constante no seu local de trabalho, e que culminou na sua morte por suicídio. É importante que falemos com todas as letras: Rafaela foi vítima do machismo, ainda existente dentro das Polícia Civis de todo o país.

Uma mulher é vítima de feminicídio a cada seis horas no Brasil

O estudo divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nesse dia 8 de março, traz um dado estarrecedor. O ano de 2023, teve o maior número de feminicídios no Brasil, desde que o crime foi tipificado, há nove anos. Se ampliarmos o período para 2015 a 2023, chegamos ao número absurdo de 10.655 vidas femininas perdidas, vítimas da violência de gênero. O próprio Fórum Brasileiro de Segurança Pública, considera que há subnotificação de casos, principalmente nos primeiros anos de vigência da lei de feminicídio, sancionada em 2015, como qualificadora do homicídio doloso, quando o assassinato acontece em um cenário de violência doméstica em razão da condição de sexo feminino.

A organização e luta das mulheres policiais é fundamental e necessária

A Vice-presidente da UGEIRM, Neiva Carla Back, afirma que “o aprofundamento da organização e da luta das mulheres policiais civis, é uma tarefa urgente e necessária. Os motivos são muitos, entre eles a luta pela recuperação da aposentadoria das mulheres policiais e o fim do assédio moral nos locais de trabalho. Por isso, a UGEIRM pretende retomar, nesse ano, a realização do Encontro das Mulheres da Polícia Civil. Esse é um espaço fundamental para compartilharmos nossas questões e organizarmos nossas lutas”. Neiva prossegue, afirmando “que para que a nossa luta seja cada vez mais vitoriosa, precisamos que ela seja coletiva e qualificada. Por isso, vamos organizar esse Encontro e aumentar a divulgação de conteúdo, durante todo o ano, para embasar a nossa ação. Durante a próxima semana, o sindicato vai divulgar uma série de matérias, com os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sobre a violência contra as mulheres e a situação das mulheres nas forças de segurança pública do país. Precisamos divulgar esses números e debater com as nossas colegas nos ossos locais de trabalho. A nossa luta é cotidiana, em cada espaço que ocupamos”.