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Criminoso que baleou a Escrivã Laline Larratéa, de Rio Grande, é condenado a 82 anos de prisão

Após 16 horas de julgamento, foi proferida a sentença que condenou o criminoso que atingiu, na cabeça, a Escrivã de Polícia de Rio Grande, Laline Almeida Larratéa. Por volta da 1h30min, o júri do réu Anderson Fernandes Lemos condenou o acusado por seis tentativas de homicídio qualificado (por terem sido cometidas contra agentes de segurança no exercício da função). A pena foi fixada em 82 anos e 10 meses de reclusão em regime inicial fechado. Também foi fixada uma indenização a título de danos morais em favor das vítimas, sendo R$ 100 mil para Laline e R$ 20 mil para cada uma das demais vítimas. Cabe recurso da decisão.

Na foto, os Procuradores do caso e os policiais civis que acompanharam presencialmente o julgamento em Rio Grande

O julgamento teve início na manhã de terça-feira (15), sendo presidido pelo Juiz de Direito Bruno Barcellos de Almeida e foi realizado no Salão do Júri do Foro de Rio Grande. A direção da UGEIRM, através do seu Presidente, Isaac Ortiz, e do seu Diretor de Aposentados, Carlos Lacedi Lopes Passos, se fez presente em Rio Grande, acompanhando os trabalhos e prestando sua solidariedade à Laline e todos os seis colegas que participaram da Operação Policial. Ao longo do dia, foram ouvidas as seis vítimas, entre elas, Laline, cujo depoimento ocorreu por videoconferência. Após o ferimento. ela precisou passar por cirurgias. As lesões causaram perdas de memória recente e de emoções, afetando diretamente as relações pessoais e de trabalho da vítima, que segue em tratamento neuropsicológico.

Na sequência, seis testemunhas depuseram em plenário, entre elas, uma Delegada de Polícia, o ex-esposo de Laline e familiares do réu. Anderson foi interrogado em seguida, respondendo aos questionamentos da acusação e da defesa. Ele alegou que estava sendo perseguido por uma facção criminosa que queria tomar a sua casa e que voltasse para o tráfico de drogas. E disse que, no dia dos fatos, achou que se tratava de criminosos chegando à sua casa, por isso, atirou nos agentes, sem a intenção de matá-los.

Os debates começaram por volta das 18 horas, com a explanação do Ministério Público. A acusação pediu a condenação do réu pelas seis tentativas de homicídio qualificadas (por serem cometidas contra agentes de segurança no exercício da função). Os Promotores de Justiça Fernando Gonzalez Tavares e Márcio Schlee Gomes e o Assistente de acusação, Advogado Eduardo Pias Silva, mostraram aos jurados, por meio de interceptação telefônica, conversas do acusado com traficantes conhecidos da região tratando sobre encomenda e entrega de drogas.

Tavares falou sobre a perda de emoções de Laline e a mudança de comportamento com a filha. E também sobre a perda de memória. O Promotor pediu aos jurados a condenação do réu. “Os senhores vão empurrar essa escuridão para o lugar de onde ele nunca deveria ter saído: para trás das grades”. O Promotor Márcio Schlee Gomes destacou que o réu já foi condenado por crimes anteriores, com penas somadas em 21 anos, e que, na ocasião do crime, estava em casa cumprindo prisão domiciliar.

O presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, que estava em Rio Grande, saudou a decisão do Júri: “essa decisão é muito importante para toda a sociedade e, particularmente, para os (as) policiais civis. Quando um (a) policial, no exercício da sua função, é alvejado por criminosos, toda a sociedade se torna vítima. A resposta do Estado, através do Judiciário, tem que ser dura e dentro da lei, como foi feito pelo Júri de Rio Grande. Essa decisão emite um claro sinal para os criminosos: a sociedade vai responder, de forma dura, toda vez que ocorrer uma tentativa de assassinato de um agente da lei. Não vamos deixar que seja normalizada qualquer tipo de agressão às forças policiais”.

Ortiz complementa agradecendo o trabalho realizado pela Promotoria: “é importante destacar o trabalho realizado pelos Promotores responsáveis pelo caso, que tiveram uma atuação brilhante durante o julgamento, demonstrando de forma enfática, a necessidade da condenação do acusado. Lembramos, ainda, o trabalho realizado pelo primeiro Promotor do caso, Dr. Marcelo Fischer, que foi fundamental para que o julgamento fosse levado ao Tribunal do Júri. Outra pessoa que queremos agradecer, pelo apoio e disponibilidade constante, é o Dr. Marcelo Tubino, que é Coordenador do Centro de Apoio Operacional do Júri e esteve sempre presente ao nosso lado, dando todo o apoio necessário. Por último, queremos registrar a presença, durante todo o julgamento, do Delegado Cleber Lima, Diretor do Departamento de Polícia do Interior”.