Eduardo Leite defende, novamente, redução dos salários dos servidores

Em participação em um programa da Globonews, o governador Eduardo Leite defendeu, mais uma vez, a redução dos salários dos servidores públicos estaduais. Em sua defesa, o governador argumentou que “todos estão no mesmo barco” e que “não é razoável que haja uma categoria blindada dos efeitos dessa crise. Acho que o Congresso precisa discutir, dentro das propostas de emenda constitucional que estão tramitando…. Para que se viabilize a constitucionalidade dessa redução salarial dos servidores públicos”. No mesmo programa, o governador chega a citar que ele e a sua equipe já reduziram em 30% os próprios salários.

Trecho da intervenção do governador Eduardo Leite
Um governador que não gosta de servidores públicos

Essa não é a primeira vez que o governador ataca os servidores e tenta jogar nas costas deles a responsabilidade pela crise que vivemos. Desde o início da pandemia, toda vez que fala dos servidores, é para propor corte de salários e reclamar do caixa do governo. Em nenhum momento, Eduardo Leite veio a público agradecer o trabalho, por exemplo, da Polícia Civil, que está nas ruas se expondo ao risco de contágio, para garantir a segurança da população durante a pandemia. Leite prefere atacar os servidores e jogar a responsabilidade pela crise, que é dele, nas costas de quem está na linha de frente do combate ao coronavírus.

Ao afirmar que estamos todos no “mesmo barco”, Leite esquece que, enquanto ele e seus secretários estão protegidos dentro de casa, os (as) Policiais estão nas ruas e nas delegacias, expostos ao contágio pela covid-19. O barco pode ser o mesmo, mas enquanto uns estão na primeira classe, outros são obrigados a enfrentar a tempestade no convés. E é dessas pessoas, que o governador quer cortar os salários.

O governador também não diz que os servidores estão com salários atrasados. Os vencimentos de maio, que deveriam ser quitados em 30 de maio, ainda não foram pagos totalmente. Ou seja, os (as) Policiais Civis estão nas ruas, se expondo à Pandemia, com salários atrasados há mais de 30 dias. Seria cômico, se não fosse trágico. Leite quer cortar 30% dos salários que ele não paga.

Pandemia se espalha entre policiais e Leite quer cortar seus salários

O governador, se tivesse um mínimo de apreço pelo serviço público, deveria estar preocupado com outra questão que atinge os servidores no momento. A pandemia do coronavírus tem atingido de forma preocupante as delegacias gaúchas. Os casos de surtos da doença se multiplicam e vários (as) policiais vêm sendo afastados devido ao contágio pela Covid-19. Ao mesmo tempo, a categoria tem que continuar trabalhando, impedida de ficar em isolamento social, sem revezamento, sem teletrabalho, convivendo com presos nas celas das delegacias e sem salários.

Nesse momento, o papel de um bom administrador deveria ser o de apoiar quem está colocando suas vidas em risco para combater a pandemia. Ao invés disso, Leite prefere atacar esses servidores. É difícil uma explicação para isso, mas a primeira coisa que vem à mente, é que o governador tem algum problema com os servidores públicos. Somente o revanchismo justifica uma atitude como essa.

Antes de cortar salários de quem está nas ruas trabalhando, Leite poderia cortar as várias gratificações de diversas categorias do funcionalismo, cujos salários já são bastante elevados, que continuam sendo pagas religiosamente. Esses gastos poderiam ser cortados sem a necessidade de nenhuma mudança constitucional. Mas, nesse caso, o governador estaria comprando briga com segmentos poderosos e não com trabalhadores que estão sem salários há quase quarenta dias.