Governo Leite aprova privatização da Corsan na Assembleia Legislativa

A Assembleia Legislativa aprovou, nesta terça-feira (31), o PL 211/2021, que autoriza o governo Eduardo Leite a privatizar a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). A votação, que teve 33 votos favoráveis, contou com os votos contrários das bancadas do PT, PDT, PSOL, PSB e de alguns deputados da base aliada — Capitão Macedo (PSL), Patrícia Alba (MDB), Airton Lima (PL) e Thiago Duarte (DEM), totalizando 19 votos pela rejeição do Projeto. Ainda está na pauta da Assembleia, um segundo projeto referente ao tema do saneamento básico, o PL 210/2021, que trata da regionalização dos serviços.

Rio Grande do Sul vai na contramão do resto do mundo

A venda da CORSAN vai na contramão de 312 cidades de 36 países. Desde o ano de 2000, essas centenas de cidades reestatizaram seus serviços de tratamento de água e esgoto. E não são quaisquer cidades, entre elas figuram Paris, Berlim e Buenos Aires.

Se o governo não quiser olhar para o exterior, pode olhar para o nosso próprio estado. A cidade de Uruguaiana privatizou a água e o esgoto, com resultados drásticos. O serviço prestado pela empresa privada, custa, hoje, 11% mais do que o oferecido pela Corsan. No país, Manaus é um exemplo do que pode acontecer aqui. A capital do Amazonas privatizou o saneamento há 20 anos. Hoje, o esgoto tratado não chega a 10% da população e 600 mil pessoas não têm abastecimento de água.

Infelizmente, a realidade não é cor de rosa, como tenta pintar a equipe do governador Eduardo Leite. A privatização de um bem comum e essencial à vida, como a água, se mostrou um verdadeiro desastre. Enquanto o mundo tenta reverter os seus processos de privatização da água, o nosso governador, que sempre se mostrou admirador da modernidade, olha para o passado e tenta fazer aqui, o que não deu certo em Paris, Berlim e várias cidades do mundo.

Prefeitos e trabalhadores protestaram contra pressa na votação

Os dois projetos foram encaminhados à AL, com pedido de regime de urgência, em 12 de julho. A pressa em votar a autorização, não agradou os prefeitos do estado. Em assembleia extraordinária realizada nesta segunda-feira (30) com a participação de 320 prefeitos, a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) havia solicitado maior prazo ao governo e aos deputados para que fosse possível discutir os projetos.

“Os prefeitos entenderam não estarem aptos para votarem se são favoráveis ou contrários à privatização, diante da complexidade do tema. Considerando que a decisão por parte do governo é desestatizar a companhia com base no Marco Regulatório do Saneamento e que cabe à Assembleia Legislativa deliberar sobre o tema”, diz nota da entidade.

Os trabalhadores da CORSAN, também são contrários à privatização da empresa. Centenas de trabalhadores, ligados ao Sindiágua-RS, realizaram uma manifestação contra a privatização, na manhã da terça-feira, no Centro Histórico, em Porto Alegre. A concentração, no Largo Glênio Peres, começou pouco depois das 10 horas. Com camisetas pretas estampadas com a frase “em defesa do patrimônio gaúcho” e carregando bandeiras nas cores do Rio Grande do Sul com a expressão “não estamos à venda”, com as logomarcas também do Banrisul e Procergs, os manifestantes se dirigiram até a sede da companhia, onde fizeram um abraço simbólico ao prédio.