Mulheres da segurança pública protestaram contra o fim da aposentadoria

Em Gramado, as policiais pararam contra a Reforma da Previdência.

O Dia 8 de Março foi de luta para as mulheres da segurança pública. Em ato que reuniu mulheres da Polícia Civil, Polícia Federal e do Instituto Geral de Perícias, em frente ao Palácio da Polícia em Porto Alegre, a revolta contra o projeto de Reforma da Previdência do governo Temer deu o tom do protesto.

A proposta que está tramitando no Congresso, na prática, acaba com a aposentadoria dos trabalhadores brasileiros, atingindo milhões de famílias. Caso aprovada, para um trabalhador se aposentar com o salário integral, terá que contribuir por 49 anos. E, nessa situação, as mulheres são as mais prejudicadas. É reconhecida a sobrecarga de trabalho e responsabilidades atribuídas às mulheres.  A proposta apresentada pelo governo Temer iguala o tempo de contribuição entre homens e mulheres, acabando com a redução de cinco anos no tempo de contribuição e na idade para as mulheres se aposentarem e ignorando a realidade que vemos no dia a dia, em que as mulheres cumprem duplas e até triplas jornadas de trabalho.

Em Lajeado teve panfletagem contra a Reforma da Previdência

Mulheres policiais do interior também pararam contra a Reforma da Previdência

Em várias cidades do interior, as mulheres policiais também se mobilizaram contra a Reforma da Aposentadoria no Dia Internacional da Mulher. Em Gramado, as policiais paralisaram durante duas horas e foram para a porta da Delegacia, junto com os outros colegas, mostrar sua insatisfação com a Reforma da Previdência. Em Lajeado, as mulheres policiais foram para a rua panfletar contra o fim da aposentadoria. Durante duas horas, abordaram os carros e distribuíram panfletos contra a Reforma da Previdência. Em várias outras cidades houve mobilização das mulheres policiais.

Ataque do governo Temer às mulheres policiais é ainda maior

No caso das mulheres policiais a reforma da previdência representa um ataque ainda maior. Uma das propostas da PEC é a retirada da atividade policial como atividade de risco, o que significa que as profissionais da segurança pública terão que contribuir durante 49 anos para obter o direito a aposentadoria integral. Se for levado em conta que as mulheres da segurança pública também estão submetidas à dupla jornada de trabalho, além de estar na linha de frente do combate à violência cada vez maior das cidades brasileiras, a proposta assume requintes de crueldade.

Em Porto Alegre, a concentração foi no Palácio da Polícia

A expectativa de vida do policial no Brasil é de 59 anos. Essa proposta condena os policiais à morte antes de sequer alcançarem o tempo para a aposentadoria. E se essa profissão, que lida diariamente com o risco de morte, não é uma atividade de risco, qual seria?

Segundo a diretora de gênero da Ugeirm, Neiva Carla, “nós somos mulheres da segurança pública, uma das categorias que mais sofre com essa insegurança. Nós não vamos ter direito a essa aposentadoria, porque não dá para imaginar uma profissional de segurança pública trabalhando 49 anos”.

Em porto Alegre também teve panfletagem

Neiva lembra que a média mundial de aposentadoria de policiais é em torno dos 55 anos de idade. Para ela, caso a reforma da Previdência seja aprovada, um policial teria que começar a trabalhar com 6 anos para completar seu tempo de colaboração até os 55 anos. “Não se consegue imaginar um profissional da segurança pública com 65 anos de idade [na ativa]. Na verdade, Temer está dizendo que nós não vamos nos aposentar”, diz.