Outras Notícias

Policiais Civis gaúchas participam do II Congresso Internacional das Mulheres Policiais

As Policiais Civis gaúchas Neiva Carla Back Leite (vice-presidente da UGEIRM), Marcia Maria Guterres de Souza (DPR de São Jerônimo) e Anelise Assumpção Cordeiro (DPR de São Jerônimo), participaram do II Congresso Internacional das Mulheres Policiais, que teve como tema “A saúde integral na atuação e valorização da mulher policial”. O evento, que aconteceu entre os dias 20 e 22 de março, em Brasília, foi organizado pelo Movimento das Mulheres Policiais do Brasil (MMUP), associação sem fins lucrativos, que congrega mulheres policiais de diversos segmentos da segurança pública, em parceria com o Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília.

Durante o Congresso, as mulheres policiais participaram de palestras, workshops e interações culturais, que abordaram uma grande variedade de temas relevantes para as mulheres policiais, tais como direitos humanos, interseccionalidade, relações de gênero e segurança pública, enfrentamento do assédio, saúde mental no trabalho, entre outros. Ao final do Congresso, forram indicadas estratégias e planejamento de ações visando proporcionar visibilidade às demandas das policiais brasileiras, buscando soluções que proporcionem melhores condições de trabalho e igualdade nas instituições policiais.

Primeiro dia foi marcado por Audiência Pública da Comissão de Assuntos Sociais do Senado

Um dos principais temas abordados durante o Congresso, foi a saúde mental das profissionais da Segurança Pública e o assédio dentro das instituições. No primeiro dia do Congresso, quarta-feira (20), as participantes do evento compareceram à Audiência Pública da Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, que debateu o tema da saúde mental das mulheres que trabalham na segurança pública. O requerimento para a audiência, apresentado pela Senadora Leila Barros (PDT-DF), que presidiu a reunião, mencionou o caso da escrivã Rafaela Drumond, que tirou a própria vida em 2023 e o corpo foi encontrado na casa dos pais em Antônio Carlos, Minas Gerais. Ela vinha denunciando casos de assédio moral, sexual e pressão com sobrecarga no trabalho na delegacia de polícia onde atuava, na cidade mineira de Carandaí.

A Senadora, que mencionou os debates do 2º Congresso Internacional das Mulheres Policiais (CIMP), destacou que “o estresse, a depressão, a ansiedade e o burnout são preocupações sérias e inter-relacionadas nas forças de segurança pública femininas no Brasil”. Leila também lembrou que o “suicídio e a insuficiência de dados sobre o tema prejudicam a gestão psicológica e dificultam a divisão de responsabilidades entre os envolvidos”. Uma pesquisa sobre o assunto realizada em 2020 pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) revelou números alarmantes sobre o percentual de mulheres profissionais de segurança pública que relataram já terem sofrido assédio sexual dentro de suas instituições. Os casos mais graves, acima dos 70%, ocorreram na polícia militar (77,2%), guarda municipal (71,4%) e bombeiros (71,1%).

Governo tem a obrigação de restituir a aposentadoria diferenciada das mulheres policiais

No último dia do Congresso, a Vice-presidente da UGEIRM defendeu a luta pela retomada da aposentadoria diferenciada para as mulheres policiais. Em sua fala, Neiva Carla destacou que “a retirada do redutor de tempo para a aposentadoria, foi uma violência contra as mulheres policiais. Nós esperamos que o Governo resgate a nossa dignidade, restituindo, em todos os estados e para todas as policiais, a aposentadoria diferenciada das mulheres policiais”.

Neiva Carla Back, ressaltou, também, a importância das mulheres policiais se reunirem para discutir os temas do Congresso: “o debate que está acontecendo aqui em Brasília, é fundamental para o nosso trabalho cotidiano. Os números apresentados, em relação ao assédio sexual nas forças de segurança pública, são assustadores, apesar de não serem surpreendentes. Esses dados não são apenas estatísticas, por trás de cada caso, está uma mulher que sofreu uma violência que atinge diretamente a sua saúde física e mental. Por isso, é fundamental que esse debate seja levado para os estados e resultem em políticas públicas que ataquem de frente o problema. Esse é um problema que não é só das mulheres policiais, mas de toda a sociedade e, particularmente, dos governos que são, em última instância, responsáveis pela preservação da saúde física e mental dessas servidoras”. Neiva Carla, Marcia Guterres e Anelise Assumpção, informam que a UGEIRM vai organizar, o mais breve possível, um Seminário que debaterá, com as policiais civis gaúchas, os temas levantados no Congresso, particularmente, a saúde mental das mulheres policiais e o assédio nos locais de trabalho.