Policiais Civis tomaram as ruas de Porto Alegre contra descaso do Governo Leite com a categoria
Fotos: Luiza Castro
O 3 de outubro foi um dia histórico para os Policiais Civis gaúchos. Milhares de Policiais tomaram as ruas da Capital, mostrando para a população a situação real da Polícia Civil. A mobilização começou ainda de madrugada, quando as várias delegações partiram de suas cidades, cruzando o estado para protestar contra a política do governo Eduardo Leite. A indignação com o descaso que o governo tem demonstrado em relação à pauta da categoria, era a tônica nas delegações que chegavam a Porto Alegre.
Enquanto se reuniam na frente do Palácio da Polícia, os manifestantes ouviam as falas dos dirigentes da UGEIRM, dos dirigentes de outras entidades da segurança pública e de parlamentares, que manifestavam seu apoio à luta dos Policiais Civis. Entre as entidades, estavam os representantes da COBRAPOL, Feipol-Sul, Sinclapol-PR, Sinpol-RS, ACP-RS, ASDEP-RS, SINDPPEN RS e SINPRF/RS. Também se dirigiram aos Policiais Civis, a deputada estadual Nadine Anflor (PSDB) e o deputado estadual Leonel Radde (PT).

Ao som de Ivete Sangalo, Marcha percorreu ruas da cidade e recebeu apoio da população
Após as falas no carro de som e já com a frente do Palácio da Polícia totalmente tomada, os Policiais Civis seguiram pela Avenida João Pessoa, em direção ao Palácio Piratini. No carro de som, a trilha sonora eram músicas de Ivete Sangalo. Como fez questão de destacar o diretor da UGEIRM, Pablo Mesquita: “quem ouve a música, pensa que os policiais civis estão aqui fazendo festa. Não! Nós estamos protestando contra o descaso do governador Eduardo Leite e a realidade dramática enfrentada pela nossa categoria. Estamos adoecendo pelo excesso de trabalho, sem nenhum reconhecimento do governo. A escolha da música da Ivete Sangalo é uma forma de chamar a atenção. Para bom entendedor, uma música fala mais do que mil palavras”. Em todo o percurso, os manifestantes receberam o apoio da população que estava nas calçadas, nos carros que passavam e nas janelas dos apartamentos.
Ao chegar na Praça da Matriz, a Marcha se encontrou com os Policiais Penais, que realizavam uma manifestação por questões semelhantes às dos Policiais Civis. Enquanto os manifestantes lotavam a frente do Palácio Piratini, no carro de som os dirigentes cobravam do governador Eduardo Leite o atendimento da pauta da categoria. Entre os pontos levantados estão o reajuste salarial, a publicação das Promoções, a equiparação dos Comissários com os Capitães da BM e a aprovação do PL da Paridade.

Assembleia geral deliberou pela deflagração imediata da Operação Legalidade
Quando todos já estavam na Praça da Matriz, a direção da UGEIRM deu início à Assembleia Geral da categoria. A diretoria do sindicato deu alguns informes, entre eles o anúncio feito pelo governo, do reajuste do valor do Vale-refeição e o fim da coparticipação no benefício. Essa é uma reivindicação antiga da UGEIRM e que, finalmente, foi atendida pelo governo, porém ainda é insuficiente, pois não contempla os aposentados e o valor continua muito defasado. Por fim, o sindicato colocou em discussão a deflagração da Operação Legalidade. A direção da UGEIRM apresentou os pontos a serem observados pelos Policiais Civis, que foram aprovados por aclamação:
– Exigir cumprimento da carga máxima de horas extras semanais, com compensação do excesso em dias de folga; |
– Exigir o pagamento antecipado das diárias de viagens para participação em Operações Policiais; |
– Exigência de Ordem de Serviço para qualquer desenvolvimento de atividade externa; |
– Não utilizar qualquer objeto de uso particular para desenvolver atividades funcionais; |
– EPIs (Equipamento de Proteção Individual) devem estar em perfeitas condições de uso e dentro do seu prazo de validade; |
– Só circular com viaturas com documentação em dia e com, no mínimo, dois policiais por viatura; |
– Não atender locais de crime sem o mínimo de dois policiais; |
– Verificar os PPCIs das Delegacias de Polícia, se estão dentro da validade, e as condições estruturais dos prédios. Denunciar ao sindicato os casos de falta de condições de funcionamento; |
– Não publicizar as Operações Policiais em redes sociais ou qualquer outro meio de comunicação. |
Marcha demonstrou a capacidade de mobilização da categoria e pressionou ainda mais o governo
A avaliação unânime foi de que a Marcha foi um grande sucesso, com grande repercussão na mídia, cumprindo seu objetivo, de chamar a atenção da população para os problemas da Polícia Civil. A Vice-presidente da UGEIRM, Neiva Carla, ressaltou que “os policiais de todo o Estado do Rio Grande do Sul, ativos e inativos, demonstraram a nossa unidade. Mostramos à sociedade que os policiais civis estão insatisfeitos, estão trabalhando muito e não tem a devida valorização do empregador. A única arma que nós temos de luta é o nosso trabalho, a gente não vai deixar de trabalhar para a população gaúcha, porque são eles que pagam nosso salário, mas a gente vai mostrar as mazelas que existem dentro da Polícia Civil”
O Presidente da COBRAPOL, Adriano Bandeira, parabenizou os policiais civis gaúchos: “esse é um momento de muita luta no Rio Grande do Sul. Momento de mostrar indignação. Estamos trazendo a sede simbólica da Cobrapol, de Brasília para o Rio Grande do Sul, para somar forças com a Ugeirm, com o Sinpol e com todas as entidades envolvidas nessa grande marcha. Vamos somar nessa luta. A Marcha é um exemplo que tem que ser seguido pelos policiais de todo o país, demonstrando a força dos policiais civis gaúchos”, disse Bandeira.
Isaac Ortiz, Presidente da UGEIRM, parabenizou a categoria e convocou os Policiais para aprofundar a luta: “nossa Marcha foi um sucesso grandioso. Nossa categoria está de parabéns, mas não pode esmorecer. Demos um passo importante para sensibilizar o governo e conseguir que nossas reivindicações sejam atendidas. Agora temos que fortalecer a Operação Legalidade e conseguir apoio no parlamento, para aumentar a pressão sobre o Governo. Esperamos que esse dia 3 de outubro fique lembrado como o ponto de virada na nossa luta para que o Governo Eduardo Leite finalmente reconheça o valor do nosso trabalho!”



