Princípio de incêndio no DEIC expõe fragilidades da estrutura de prédios da PC/RS
Um princípio de incêndio atingiu o prédio do DEIC em Porto Alegre, nesta sexta-feira (24). A direção da UGEIRM esteve no local, mas ainda não se tem a dimensão dos danos causados. Os policiais civis que trabalhavam no local tiveram que deixar o prédio às pressas. As causas do incêndio estão sendo apuradas, mas existe a suspeita que o mesmo aconteceu devido a uma sobrecarga do sistema de energia, causada pela utilização de muitos ventiladores na tentativa de amenizar o calor extremo no interior do prédio.

No início da semana, os servidores já haviam reclamado da falta de ar-condicionado e do excesso de calor no local. Desde que o Departamento foi deslocado de forma provisória para o prédio atual, devido às enchentes de maio, os policiais estão trabalhando em condições insalubres. Existe uma promessa de instalação de aparelhos de ar-condicionado, que não foi cumprida, o que tem levado os servidores a trabalhar em um calor extremo, inclusive com casos de policiais passando mal devido ao calor. É bom lembrar que o antigo prédio da CEEE estava desativado há muito tempo e foi uma solução emergencial. Portanto, para que ele fosse ocupado seria necessário que se realizasse uma avaliação criteriosa, inclusive com o aval do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, além de investimentos do governo do estado, o que parece não ter ocorrido.
Incêndio no DEIC é um exemplo dos riscos a que estão submetidos os Policiais Civis
O incidente ocorrido no DEIC nesta sexta-feira demonstra, mais uma vez, os riscos a que os policiais civis estão submetidos, pelas péssimas condições estruturais de boa parte das delegacias do nosso estado. A UGEIRM já vem denunciando essa situação há algum tempo. No entanto, o Governo do estado finge que não tem nada a ver com isso e se nega a tomar qualquer providência. Dessa vez não tivemos nenhuma perda humana, com os policiais conseguindo evacuar o prédio a tempo. Mas, estamos chegando cada vez mais perto de uma grande tragédia.
No próprio Palácio da Polícia, temos informações de instalações sem condições para atendimento ao público. Um exemplo é o caso das denúncias acontecidas no ano passado, em relação a DEAM de Porto Alegre. Na ocasião, mulheres que procuravam a Delegacia não estavam conseguindo ser atendidas, devido à falta de condições estruturais. Muitas tinham que ficar aguardando do lado de fora da Delegacia ou em viaturas, porque não havia espaço dentro do prédio.
Pelo interior do estado o improviso já virou uma rotina no cotidiano do trabalho dos policiais civis, com instalações elétricas deficientes, hidráulica que não funciona e prédios em condições estruturais preocupantes. O Presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, alerta que “o governo e a administração da Polícia Civil não podem esperar acontecer alguma tragédia, para tomar as providências necessárias para garantir a segurança dos policiais civis. Dessa vez o incêndio foi detectado a tempo e os policiais conseguiram sair do prédio sem nenhum ferimento. A ironia dessa situação é que o DEIC foi celebrado na semana passada, por conseguir recuperar mais de R$ 250 milhões aos cofres públicos, através de ações policiais de combate à corrupção. No entanto, os seus policiais não tem nem mesmo um ar-condicionado a disposição e são submetidos aos riscos de um incêndio pelas péssimas condições do prédio onde trabalham. O Governo precisa agir imediatamente, para que não se repita o que aconteceu com o prédio da Secretaria de Segurança Pública, que foi completamente destruído por um incêndio em 2021, com a morte de dois bombeiros que combatiam o fogo”.
UGEIRM vai exigir providências do Governo e da Secretaria de Segurança Pública
O Vice-presidente da UGEIRM, Fabio Castro, que esteve no DEIC junto com Isaac Ortiz, declarou que “o sindicato vai procurar os órgãos competentes, como o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil, para que seja feita uma averiguação das reais condições de segurança do prédio do DEIC. Queremos saber se o prédio possui o PCCI (Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios) e se o alvará de funcionamento está em ordem. Além disso, vamos exigir que a administração providencie, imediatamente, a instalação de ar condicionados em todo o prédio e que seja feita uma vistoria criteriosa de toda a rede elétrica. É inadmissível que em um verão que bate recordes de calor, os servidores sejam obrigados a trabalhar sem ar-condicionado, inclusive com vários deles passando mal, colocando em risco a saúde dos policiais”. Fabio prossegue, afirmando que “a UGEIRM vai retomar a exigência de fiscalização da existência de PCCI em todas as delegacias, para que elas possam continuar funcionando. O nosso estado foi palco do maior incêndio da história recente do nosso país, é preocupante que 12 anos depois ainda tenhamos vidas sendo colocadas em risco pela falta de condições de prédios públicos”.