Saiba quantos candidatos gaúchos são oriundos das polícias e Forças Armadas

No país, são mais de 7 mil que usam o apelo do uniforme para convencer o eleitor.

Humberto Trezzi / Gaúcha ZH

O apelo do uniforme será forte nestas eleições. O Rio Grande do Sul tem 369 candidatos oriundos das polícias ou das Forças Armadas. É o maior contingente desde 2012, ou seja, em quase uma década.

É uma situação nacional. No Brasil serão 7.258 candidatos policiais ou militares, que podem transformar o tradicional lema “para servir e proteger” em slogan de campanha. O levantamento é do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, elaborado pela ONG Fórum de Segurança Pública com base em dados dos Estados.

A  bandeira mais presente no discurso desses candidatos é que a sociedade ajude a retirar os freios à atividade policial. Que acabe, em resumo, aquela história de “a Polícia prende e a Justiça solta”. Já os militares costumam agregar a isso apelos por patriotismo e defesa da brasilidade.

É um fenômeno em crescimento, mas que ganhou impulso com a candidatura de Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército, eleito presidente. Faz sentido, portanto, a definição ideológica que os próprios candidatos policiais e militares se atribuem. No levantamento, 57,5% deles em 2020 se dizem “de direita”, 30,2% “de centro-direita”, 9,5% “de centro-esquerda” e apenas 2,9% “de esquerda”.

Para dar uma ideia de como uniformes ganharam impulso nas eleições, em 2010 o Brasil teve 1.037 candidatos oriundos das polícias e Forças Armadas. Em 2012, 7.486 (o número sempre cresce nos pleitos municipais), em 2014 foram 1.161, em 2016 foram 7.041, em 2018 foram 1.469 e, este ano, os já citados 7.258.

No Rio Grande do Sul, os 369 candidatos fardados deste ano representam o maior contingente deste tipo de profissão desde 2010. Mas não basta apelar para o uniforme e slogans heroicos. Muita gente faz isso, mas é congestionado o caminho do sucesso eleitoral. Em média, apenas 10% desses candidatos militares e policiais se elegem, seja nos pleitos municipais ou de alcance nacional. Hoje o Congresso tem 102 parlamentares desse tipo, que formam a chamada “Bancada da Bala”.