Enquanto Governo celebra queda nos indicadores de violência, policiais amargam mais um ano sem reajuste salarial
O Governador Eduardo Leite convocou, na manhã desta quinta-feira (11), uma coletiva para anunciar, com grande estardalhaço, a queda recorde nos indicadores de violência em 2023. O número de crimes violentos letais intencionais (CVLI), por exemplo, são os menores desde 2010, tendo sendo registrados 1.981 CVLIs durante o ano, queda de 6,3% em comparação a 2022. Os homicídios tiveram uma queda de 7% em relação ao ano anterior, enquanto os latrocínios tiveram uma queda de 25,5% no ano.
Em seu pronunciamento, o Governador atribuiu a recuo dos indicadores de violência à integração entre as forças de segurança. “O sistema de governança que implementamos com o Programa RS Seguro tem garantido esses números a partir de uma análise técnica e estatística dos indicadores, com reuniões mensais entre governador e comandantes. A partir deste trabalho, se aprimorou muito a integração das forças de segurança no Estado”, destacou Eduardo Leite.
Já o Secretário de Segurança, Sandro Caron, destacou o trabalho de inteligência como fundamental no combate às organizações criminosas e a consequente redução da criminalidade. “Estamos implementando medidas rigorosas contra o crime organizado. Com ações de inteligência, alcançamos apreensões recordes de armas, drogas, carros de luxo e imóveis, além do bloqueio de contas. A asfixia financeira é essencial para reduzir o poder das organizações criminosas, e as forças de segurança têm atuado com integração e inteligência para ampliar os resultados evidenciados nos indicadores”, disse. No site do Governo do Estado, também é citada, em destaque, a publicação das Promoções e a convocação de novos servidores, como realizações importantes do governo na área da Segurança Pública.
Enquanto isso, Policiais Civis completam mais um ano sem reajuste salarial
A queda dos indicadores de violência é uma notícia que precisa ser, realmente, comemorada. No entanto, essa queda é resultado do trabalho dos profissionais da Segurança Pública do nosso estado que, desde o início do Governo Eduardo Leite, tiveram apenas 6% de reposição salarial, frente uma inflação, meedida pelo IGP-M, de 58% no período. Ouvindo os discursos do Governador Eduardo Leite, temos a impressão de que a queda nos indicadores de violência é resultado das reuniões do governador com os comandantes das forças de segurança e da implementação do “brilhante” sistema de governança. Em seu pronunciamento, o Secretário de Segurança cita a importância do trabalho de inteligência das forças de segurança. Esse trabalho é executado por policiais civis que estão sem reajuste salarial, com sobrecarga de trabalho e no limite da sua saúde física e mental, trabalhando além da sua carga horária e sem receber o pagamento integral das horas extras trabalhadas. Quanto às Promoções, o governo esqueceu de dizer que os policiais civis estavam há um ano e meio sem progressão na sua carreira.
Número recorde de exonerações na PC/RS não fez parte da apresentação do Governador
Um número que não foi exibido durante a coletiva do governador Eduardo Leite, foi a quantidade recorde de exonerações na Polícia Civil em 2023. No último ano tivemos 64 policiais que saíram da Instituição, em busca de melhores salários e condições de trabalho. Se compararmos esse número com o ano de 2020, verificamos um aumento de 300% no número de exonerações. Também um recorde na história da Polícia Civil gaúcha.
O Presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, alerta que “esses números apresentados pelo governador, apesar de bastante positivos, não podem servir de escudo para os erros da sua política em relação aos servidores da segurança pública. A falta de valorização dos servidores que são os responsáveis pela queda dos indicadores de violência, terá sérias consequências para a segurança pública. A explosão do número de exonerações é um claro sinal de problemas futuros. Esses policiais que estão saindo, são profissionais capacitados e treinados pelo Estado, com vasta experiência no trabalho policial. A Segurança Pública é uma área que não combina com a alta rotatividade na sua força de trabalho, onde a experiência prática é fator fundamental para a qualificação profissional”.
O Secretário Geral do sindicato, Pablo Mesquita, afirma que “a única forma do governo deter as exonerações na Policiai Civil, é estabelecendo uma política salarial que reponha as perdas salariais, além de garantir uma política de promoções periódicas da categoria, reivindicação já apresentada pelo sindicato ao governo. Somente uma política de valorização permanente dos servidores da segurança pública, será capaz de reduzir ainda mais os indicadores de violência no nosso estado. Mais que uma questão de justiça com esses trabalhadores, que arriscam diariamente sua vida para garantir a segurança da população, a valorização dos servidores é parte de uma política eficiente de segurança pública. Não existe segurança pública com policiais desvalorizados”, conclui Pablo Mesquita.