Banrisul muda regras de suspensão dos consignados e prejudica servidores
No início de maio, a direção do Banrisul anunciou que suspenderia, por quatro meses, os descontos dos empréstimos consignados dos servidores públicos estaduais. No anúncio, o Banco informava que as parcelas suspensas seriam acrescidas ao final do contrato, sem acréscimos. Para facilitar a adesão por parte dos servidores, o banco informou que a mesma seria automática; quem não quisesse a suspensão, teria que entrar no aplicativo do banco e registrar a opção por seguir pagando normalmente.
Na última sexta-feira (30), o Banco anunciou que tinha ampliado a prorrogação da suspensão dos descontos dos consignados, para seis meses. Porém, haveria uma alteração na medida: as parcelas suspensas e os juros decorrentes seriam diluídos nas parcelas restantes. O que parecia uma ação do banco em benefício dos servidores públicos, como dito no comunicado do Banco: “a concessão de carência por seis meses vem atender às demandas dos servidores públicos, clientes do banco, para reestruturação financeira daqueles afetados pelas enchentes”, mostrou-se uma verdadeira armadilha. Na prática, o que o Banrisul está fazendo é um novo empréstimo para pagar as parcelas que foram suspensas.
Ao não jogar as parcelas para o final do contrato, o Banrisul dificultou a vida dos servidores públicos, pois, quando retomar o pagamento em novembro, esses servidores terão que arcar com uma prestação mais elevada, comprometendo uma parcela maior do seu salário. Para piorar, a alternativa anunciada anteriormente, de suspensão por quatro meses com acréscimo de parcelas ao final do contrato, não existe mais.
A direção da UGEIRM está estudando, junto com seu departamento jurídico, medidas judiciais possíveis para reverter essa situação. O Vice-presidente da UGEIRM, Fabio Castro, diz que “a UGEIRM, além das medidas judiciais, vai cobrar do Governo do estado a reversão dessa verdadeira armadilha montada para os servidores públicos. Uma das alternativas, seria um modelo parecido com os empréstimos feitos pelo governo do estado, para pagamento do 13º salário dos servidores em anos recentes. Os juros incidentes sobre esses empréstimos eram cobertos pelo próprio Executivo. Em um momento desses, em que a população ainda está contando os seus mortos e desabrigados, o Banco público do nosso estado parece estar interessado somente nos seus lucros. É de uma insensibilidade sem tamanho, o banco se recusar a abrir mão de seus juros para dar assistência aos servidores públicos, que estão há mais de um mês se dedicando a salvar vidas e reconstruir o nosso estado. Esperamos que o Governador faça uma intervenção direta nesse caso, pois é inadmissível que um presidente de banco público atue na mesma lógica do lucro a qualquer preço, seguida pelos banqueiros privados. O Sr. Fernando Lemos foi colocado na presidência do Banrisul pelo governador Eduardo Leite, portanto, a responsabilidade é do Governador”, encerra Fabio Castro.