Casal preso pela PC por manter idosa em cárcere privado, em Porto Alegre, pode ser indiciado por até cinco crimes
No último dia 10 de maio, uma equipe da Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso (DPPI) de Porto Alegre, prendeu um homem (54 anos) e uma mulher (57 anos) por manter uma idosa de 79 anos em cárcere privado e “limpar suas contas bancárias”. A vítima foi resgatada com ossos quebrados, feridas e desidratação grave, no mês de fevereiro. Em depoimento, o casal confirmou que fez uma procuração para ter acesso à conta bancária da idosa. Segundo a polícia, a produção e a coação para assinatura da procuração, configura dois crimes, respectivamente. Os outros três são lesão corporal, cárcere privado e maus-tratos.
De acordo com informações da DPPI, o crime ocorreu entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, no bairro Nonoai, na Zona Sul de Porto Alegre. O casal teria se aproveitado de uma condição de confusão mental da vítima para se apossar dos seus bens.
A equipe da DPPI iniciou as investigações a partir da suspeita de vizinhos, que viram que a casa havia sido colocada a venda e identificaram o desaparecimento da idosa. Preocupados, os vizinhos procuraram pela família da vítima, encontrando uma sobrinha pelas redes sociais. Ao ser informada, a sobrinha, que não sabia da situação, procurou pela tia e não a encontrou. Então, decidiu levar o caso à DPPI, que iniciou a investigação.
— Eles criaram uma proximidade, uma amizade, por se verem todos os dias. Ficaram íntimos. O casal aproveitou a senilidade da vítima para induzi-la a assinar uma procuração em nome da mulher — conta a Delegada responsável, Ana Luiza. Com o documento em mãos, os dois realizaram uma “grande movimentação nas contas bancárias da vítima”, de acordo com a delegada, e colocaram a residência da idosa à venda. Eles a esconderam na casa de uma terceira suspeita, filha da mulher, que confessou ter mantido a idosa em sua residência a mando da mãe.
A idosa foi resgatada em fevereiro, com a saúde debilitada. A equipe acredita que, caso ela não tivesse sido resgatada, provavelmente estaria morta. Além de toda as escoriações e machucados pelo corpo, ela tinha ossos quebrados e estava desidratada. Segundo o laudo médico, possivelmente, a idosa não tinha acesso à água e comida regularmente. Atualmente, a vítima está bem, hospedada em uma casa geriátrica.
O Presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, destaca o trabalho feito pela equipe da DPPI. “os policiais da DPPI demonstraram a diferença que faz um bom trabalho de investigação. Desde a apuração, feita a partir da denúncia da sobrinha da vítima, até o resgate da idosa e a prisão dos suspeitos, os policiais tiveram uma atuação exemplar, que impediu a morte de uma senhora que foi enganada por duas pessoas inescrupulosas. Mesmo com condições que não são as ideais, esses policiais demonstram que a categoria precisa ter um maior reconhecimento do governo, com melhores condições de trabalho e valorização salarial. No entanto, apesar de todas as adversidades, são trabalhos como esse que mantém a Polícia Civil como uma das instituições mais respeitadas pela população gaúcha”.