Fecomércio responsabiliza reajuste de servidores por crise no caixa do Governo
Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (04), o Presidente da Fecomércio/RS, Luiz Carlos Bohn, acompanhado do consultor econômico da Fecomércio-RS, Marcelo Portugal, criticou a proposta de reajuste do ICMS enviada pelo Governo à Assembleia Legislativa e responsabilizou o reajuste de 6%, concedido aos servidores públicos no ano passado, pela crise no caixa do Governo. De acordo com a direção da Fecomércio, o Governo Leite está propondo o aumento do ICMS para compensar o aumento de despesas, principalmente com os servidores públicos do estado.
As declarações do presidente da Fecomércio e do consultor Marcelo Portugal não são nenhuma surpresa para quem acompanha a trajetória da entidade. São os mesmos dirigentes que lideraram uma verdadeira cruzada contra o reajuste do Piso Regional dos trabalhadores da iniciativa privada e que sempre defenderam a retirada de direitos dos servidores públicos. Esse foi o posicionamento da entidade durante a reforma administrativa e da previdência estadual: contra os servidores públicos. Se pudesse, a Fecomércio avançaria ainda mais sobre os direitos dos trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público, como fica claro na matéria, quando diz que ainda dá para cortar mais, além daquilo que já foi retirado nas reformas de Eduardo Leite.
Não é novidade que a direção da Fecomércio não gosta de trabalhador e de quem sobrevive do seu salário. Essa postura demonstra a visão ultrapassada, que boa parte dos dirigentes patronais do nosso estado sempre demonstraram. Não conseguem enxergar que o aumento da renda, tanto dos servidores da iniciativa privada quanto do serviço público, é o principal caminho para o crescimento econômico do estado. O que beneficiará os comerciantes do nosso estado, com o aumento do consumo da população.
Ao criticar o reajuste de 6% dos servidores públicos concedido no ano passado, o Presidente da Fecomércio omite que esse foi o único reajuste concedido por Eduardo Leite aos servidores públicos, em cinco anos de governo. Ao invés de se voltar contra um reajuste mínimo concedido aos servidores, que garantem os serviços prestados à população mais necessitada, o Presidente da Fecomércio deveria centrar a crítica nos altos reajustes concedidos aos parlamentares, ao Governador e aos Secretários de Estado, no final do ano passado. Infelizmente, os dirigentes da Federação preferem atacar os servidores que garantem a segurança diária dos comerciantes do nosso estado, do que criticar os privilégios dos políticos que defendem seus interesses no Executivo e no Legislativo.
O Presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, repudia de forma veemente as declarações dos dirigentes da Fecomércio: “essas declarações são um verdadeiro absurdo. Os servidores públicos do nosso estado registram perdas salariais enormes, desde o início do governo Eduardo Leite. O Presidente da Fecomércio, certamente, sabe que uma parte dos servidores públicos estaduais chegam a receber uma complementação salarial, pois seus vencimentos ficam abaixo do salário mínimo. É a esses servidores que eles responsabilizam pela crise do nosso estado. No entanto, em nenhum momento ele fala da sonegação fiscal monstruosa que suga os recursos do nosso estado. Prefere apontar seu dedo em direção aos servidores públicos da segurança pública, da educação e da saúde, que se dedicam diariamente a garantir os serviços que são tão necessários à nossa população, inclusive os serviços que garantem o funcionamento dos estabelecimentos dos comerciantes que são filiados à sua entidade. Mas, vindo de uma entidade que defende o fim do Piso Regional, esse posicionamento já não nos espanta mais”, conclui Isaac Ortiz.