Passados quatro anos, problema de presos nas carceragens das delegacias persiste
Em junho desse ano, “comemoraremos” o triste aniversário de quatro anos da primeira denúncia da UGEIRM sobre os presos que permaneciam nas celas das delegacias da Capital. Nesses quatro anos, o problema se alastrou para a região metropolitana, região carbonífera e interior do estado. Notícias de presos algemados em viaturas, pátios de delegacias transformados em presídios, ônibus servindo de celas, rebeliões e fugas de delegacias, presos morrendo em celas de DPPAs, além de outras barbaridades, já se tornaram rotina no nosso estado. Na época das primeiras denúncias, o sindicato declarava que o seu grande medo é que essa situação fosse naturalizada e passasse a fazer parte da rotina dos policiais. Infelizmente, podemos dizer que isso aconteceu.
Esse final de semana é uma mostra que o descaso com a integridade física dos policiais não escolhe governo. Mais de 90 presos superlotavam as carceragens das delegacias da região metropolitana. Somente em São Leopoldo, mais de 30 presos se amontoavam em qualquer espaço que existisse. As celas, o pátio, viaturas e, até mesmo, um gerador de energia serviu para algemar presos que aguardavam vagas no sistema prisional. Enquanto isso, os policiais civis de plantão tentavam manter alguma ordem e garantir a sua segurança e da população que procurava a delegacia para ser atendida.
A direção da UGEIRM esteve em São Leopoldo para prestar assistência aos policiais e denunciar a situação. Durante a campanha, o governador Eduardo Leite concordou que essa situação é inadmissível e teria que ser enfrentada com a máxima urgência. Infelizmente, o tempo dos governantes não é o mesmo do perigo de vida dos policiais. Corremos o risco de uma tragédia acontecer, antes que a “urgência” do novo governo se concretize. Quando um policial perder a vida em uma delegacia, já será tarde demais para qualquer providência, aquela vida não poderá ser recuperada.
O presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, que esteve em São Leopoldo relata a situação que encontrou na DPPA: “Isso aqui é o caos, o cheiro de podre é insuportável e a insalubridade assusta qualquer um. Não é a primeira vez que isso acontece. Tem preso com mais de dez dias aqui e exigimos uma providência imediata do governo do estado. Não podemos esperar que uma tragédia aconteça. É a vida dos policiais que está em risco e se algo acontecer, a responsabilidade será toda do governo”.