Banrisul quer lucrar com quem prorrogar pagamento dos consignados

O Banrisul disponibilizou, na manhã desta quarta-feira (22), as regras para a prorrogação das parcelas de maio, junho e julho, dos empréstimos consignados dos servidores públicos estaduais. A opção já está disponível no aplicativo do banco estadual e a adesão poder ser realizada até o dia 15 de maio.

Para requisitar a operação, os contratos de empréstimos precisam ser vinculados ao convênio com a Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz-RS).

Regras não incluem servidores com parcelas atrasadas ou sem margem para empréstimo

Apesar do longo período para elaborar as regras, a direção do banco divulgou medidas que vão completamente na contramão do espírito da prorrogação dos empréstimos. O pedido elaborado pelos sindicatos e encaminhado ao governo do estado, era explícito ao frisar que essas medidas visavam aliviar a situação financeira dos servidores públicos, devido à Pandemia do Coronavírus. No entanto, pelas regras anunciadas, o servidor com parcelas atrasadas ou sem margem para empréstimo, está impossibilitado de pedir a prorrogação do consignado. Ou seja, exatamente os que mais precisariam da suspensão do pagamento dos empréstimos, que são as pessoas que já estão com suas contas comprometidas ao ponto de atrasar as parcelas ou sem margem para novos empréstimos, ficam de fora. Insensibilidade é o mínimo que poderíamos atribuir ao governo do estado.

Quem aderir à prorrogação, terá que pagar parcelas em dobro e arcar com juros

Outra regra absurda que foi anunciada nessa manhã, é a que prevê que as parcelas de maio, junho e julho, sejam pagas nos meses de agosto, setembro e outubro. Com isso, quem solicitar a prorrogação terá que pagar, nesses meses, duas parcelas ao mesmo tempo, as prorrogadas e as que vencerão nos próprios meses. A solicitação, encaminhada pela UGEIRM, sugeria que essas parcelas fossem acrescentadas ao final do contrato de empréstimo, sem juros extras. Uma medida simples e que levava em consideração a capacidade de pagamento dos servidores.

Além de acumular parcelas e apenas adiar a quebra financeira dos servidores, o Banrisul cobrará juros sobre as parcelas prorrogadas. Chega a ser um escárnio, vermos um banco, que teve lucro de R$ 1,34 bilhão em 2019, querer lucrar com a Pandemia do Coronavírus. Ainda mais absurdo fica, quando lembramos que esse lucro é em cima de policiais e profissionais da saúde que estão arriscando suas vidas diariamente para tentar evitar que o Coronavírus cause mais mortes ainda. Infelizmente, parece que o governo Eduardo Leite está mais preocupado com a saúde financeira do Banrisul, do que com a de seus servidores.

Além de prejudicar os servidores, essa postura do governo é um tiro no próprio pé do estado. A forte crise que está atingindo o país necessitará de um reaquecimento urgente da economia e do consumo. Retirar dinheiro dos servidores, que são responsáveis por boa parte do consumo dos municípios do interior, exatamente nos meses em que a sociedade estará tentando retomar as atividades, é aprofundar ainda mais a crise econômica, diminuindo a arrecadação de impostos e atingindo de forma ainda mais forte o caixa do governo.

A direção da UGEIRM, em conjunto com os outros sindicatos de servidores públicos estaduais, reivindicará a alteração desses pontos, junto ao governo do estado. Para o presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, “o Banrisul não deve encarar a prorrogação dos empréstimos como um favor aos servidores públicos. Essa é uma medida que deve ser encarada como uma forma de manter a saúde financeira de quem sustenta o banco e que é responsável pelos excelentes resultados financeiros do banco nos últimos anos. Excluir quem tem parcelas atrasadas ou sem margem para empréstimo, cobrar juros e obrigar servidores a acumular parcelas nos meses seguintes é mais do que uma medida pouco inteligente, é desumano. Nos outros estados, a prorrogação dos empréstimos foi realizada sem juros e sem acúmulo de parcelas. Qual o motivo de, no nosso estado, o banco querer lucrar com as dificuldades dos servidores?”.