Policiais de Novo Hamburgo protestam contra superlotação de carceragem

Os policiais civis de Novo Hamburgo fizeram uma manifestação, na tarde desta segunda-feira (24), na frente da Central de Polícia Civil da cidade. No local estão abrigadas a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), a 1ª Delegacia de Polícia Civil, a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) e a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Em protesto contra a superlotação das celas da delegacia, os policiais cruzaram os braços para garantir a segurança dos agentes e da própria população que procura a delegacia. Os agentes da 2ª e 3ª DP também participaram da manifestação. No momento em que foi realizado o protesto, 21 presos estavam detidos na DPPA. A capacidade da delegacia é para, no máximo, 12 presos.

Ao saber da situação grave em que se encontravam os policiais de Novo Hamburgo, a direção da UGEIRM se dirigiu até a cidade e promoveu uma reunião com os agentes. Durante a reunião, chegou a notícia que, além dos 24 presos que já ocupavam as carceragens, outros presos estavam sendo levados para a DPPA. Imediatamente, os policiais se mobilizaram e foram para a entrada da DPPA, como forma de garantir que nenhum outro preso desse entrada nas carceragens da Delegacia. A posição dos policiais era de que só fossem aceitos novos presos, após o encaminhamento dos que já estavam na celas, respeitando o número máximo de 12 presos no local. A mobilização surtiu efeito e, com a mobilização, foram encontradas vagas no sistema penitenciário para todos os presos, esvaziando as carceragens.

Os policiais também lembraram, durante o protesto, da situação que deixou um agente ferido durante uma fuga da carceragem do DEIC, na tarde do último sábado. “Isso é a crônica da morte anunciada, a audácia deles não tem mais limites, é questão de tempo para tentarem algo mais sério. Em mais de 38 anos como policial nunca vi uma situação de afronta assim antes, falta respeito diante da autoridade”, foi o desabafo um dos policiais que participaram do protesto em Novo Hamburgo.

Para o presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, “os colegas de Novo Hamburgo mostraram o caminho a ser seguido. Não podemos mais aceitar essa situação. São nossas vidas e a vida da população que estão sendo colocadas em risco. Sempre que a situação se tornar perigosa, os policiais devem chamar a UGEIRM para podermos nos mobilizar e resolvermos o problema. Os colegas de Cachoeirinha, Alvorada, Canoas, São Leopoldo e Porto Alegre que têm convivido com essa situação cotidianamente, têm que dar um basta. Não vamos esperar uma tragédia acontecer, temos que nos antecipar a ela e cobrar do governo que a situação seja resolvida. Chega de jeitinho e de se virar com essa situação”.

Policiais encontram serra dentro de lanche de detento

No último domingo, ao examinar um lanche deixado na DPPA para ser entregue a um preso, o policial de plantão encontrou um recheio perigoso. Dentro do  pão, o agente achou uma serra de mais ou menos 15 centímetros, que seria utilizada para uma tentativa de fuga. O destino da serra, era um dos 24 presos que se amontoavam nas celas da DPPA. Essa é a realidade enfrentada pelos policiais de Porto Alegre e da região metropolitana, o trabalho de carcereiro passou a ser uma das suas principais funções.

Enquanto isso, os mesmos policiais têm que dar conta das metas abusivas do programa Qualificar. Esse programa estipula metas quantitativas, com o único objetivo de atender  a demanda de publicidade do governo do estado, sem levar em conta a realidade cruel a que são submetidos os policiais civis atualmente. Os agentes tem que conviver com a tensão de carceragens superlotadas e a possibilidade iminente de rebeliões e tentativas de fugas. Hoje, a realidade dos policiais civis é essa: quando não são baleados em tentativas de fuga, adoecem de estresse devido à presssão exercida pelas metas estabelecidas e que têm que ser cumpridas