Após alagamentos, policiais civis pedem interdição de delegacias

Luís Eduardo Gomes

Durante as fortes chuvas que atingiram o Estado na última semana, delegacias de polícia ficaram debaixo d’água, tornando-se locais propícios para a proliferação de doenças: é o que denuncia o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil do RS (Ugeirm), que está pedindo a interdição de delegacias que apresentam problemas estruturais agravados pelo indevido alojamento de presos que aguardam vagas em presídios.

Além da remoção dos presos dos locais, que o sindicato vem solicitando desde 2015, o Ugeirm pede que sejam tomadas providências para melhoria das infraestruturas. Uma das medidas já tomada foi acionar o Corpo de Bombeiros para analisar a denuncia de que as delegacias estão operando sem Projetos de Prevenção contra Incêndio (PPCI).

Fábio Castro, vice-presidente da entidade, denuncia que a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de São Leopoldo, que seria a de piores condições no Estado, foi alagada na semana passada, tendo inclusive “chovido dentro” do local – um vídeo feito pelo sindicato mostra essa situação (ver abaixo) –, e que, nessas ocasiões, sofre com o transbordo de esgoto e infestações de rato. Ali, há presos mantidos em um micro ônibus. “Em São Leopoldo, o esgoto transbordou, o forro meio que desabou, as pessoas andavam no meio da água. Não tem as mínimas condições de seguir funcionando”, diz. No entanto, o mesmo problema de precariedade estrutural e superlotação se encontraria em diversas delegacias do Estado, em especial da Região Metropolitana de Porto Alegre.

Um dos temores do sindicato com a permanência dos presos em delegacias nestas condições é de transmissão e contágio de doenças infecto-contagiosas para a população que procura a polícia, os servidores e entre os próprios presos. Fábio diz que, recentemente, o sindicato constatou que um preso com tuberculose estava sendo mantido em condições precárias ao lado de outros 15 detidos na delegacia de Viamão. Em razão desse temor de que as delegacias possam se transformar em vetores de doença, o sindicato também irá oficiar a Secretária Estadual de Saúde e as prefeituras das cidades onde se encontram as delegacias mais problemáticas para que também tomem providências.

Segundo a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), 262 pessoas estavam detidas em viaturas ou em celas de delegacias de polícias apenas na Região Metropolitana na última sexta-feira – esse número já teria superado a marca de 400 no passado recente. A Susepe não informou o número de presos por delegacia, mas salientou que a maior superlotação ocorre na carceragem da Central de Polícia de Canoas.

Confira mais fotos:

Presos mantidos em micro ônibus em São Leopoldo | Foto: Divulgação/Ugeirm
Condições precárias na DPPA de São Leopoldo | Foto: Divulgação/Ugeirm
Condições precárias na DPPA de São Leopoldo | Foto: Divulgação/Ugeirm