Como é viver em Alvorada, a 6ª cidade mais violenta do Brasil

Dados são de 2017. Segundo órgãos de segurança, situação se alterou nos últimos dois anos.

De pé ao lado de uma parada de ônibus lotada, uma mulher não titubeia ao perceber a aproximação de dois homens – devidamente identificados como repórter e fotógrafo de GaúchaZH. Sem disfarçar, ela puxa a bolsa para perto do corpo e troca poucas palavras com a equipe em uma das principais avenidas de Alvorada, na Região Metropolitana.

Reflexo da insegurança, a situação materializa o resultado da pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública na segunda-feira. Segundo o Atlas da Violência, Alvorada é o sexto município mais perigoso do país, com taxa de 112,6 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Os dados são de 2017. Para a Polícia Civil e a Brigada Militar a situação mudou de lá para cá, com melhora nos indicadores. O titular da Delegacia de Homicídios, Edimar de Souza Machado, considera 2017 um “ano atípico” em Alvorada. Na época, intensa disputa entre traficantes resultou na morte de dezenas de pessoas, o que acabou se arrefecendo com o passar do tempo.

– Houve a identificação de autores de crimes e a responsabilização dos mandantes dos assassinatos, muitos deles que estavam dentro de prisões – salienta o delegado.

O comandante das companhias de policiamento de Alvorada, capitão Juliano Marques Araújo, salienta que houve mudanças de 2017 para agora. Cita redução de 56% nos casos de roubo a transporte coletivo e queda de 40% nos homicídios – no comparativo entre o primeiro semestre deste ano em relação a igual período em 2018.

Medo

Dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmam que houve pico de homicídios em 2017. Nos 365 dias daquele ano, foram 209 assassinatos. Apesar da melhoria nos indicadores, nas ruas a população tem opinião diferente.

– Está cada vez pior. Está perigoso de sair até de manhã cedo. Não tem horário para acontecer um crime – conta a pensionista Joana Feijó, 53 anos.

Há seis meses, a irmã dela, Carina Feijó, 40 anos, presenciou um assalto dentro do ônibus quando estava a caminho do trabalho. Por sorte, estava nos fundos do coletivo e conseguiu escapar da ação dos criminosos.

– Mas já teve outras duas vezes que fui abordada (assaltada) quando estava descendo do ônibus – conta a mulher.

Robinson Estrásulas / Agencia RBS
Para irmãs, situação na cidade está piorRobinson Estrásulas / Agencia RBS

A dona de casa Lourdes Lucena Martins, 58 anos, concorda com as duas irmãs que a situação não melhorou. Há menos de um mês, ficou perplexa ao saber que três homens foram encontrados mortos dentro de uma casa no bairro Maria Regina.

– Antigamente, tu não via isso. Piorou bastante.

Por outro lado, o chaveiro Valdir Ronconi, 62 anos, percebe melhora na situação. Com loja em uma das principais avenidas da cidade, notou queda em assaltos a bancos próximos e aumento no policiamento ostensivo da BM, tanto a pé quanto por carro.

As dez mais violentas do Estado

Taxa de assassinatos por 100 mil habitantes*
1) Alvorada  112,6
2) Gravataí  60,0
3) Viamão  51,6
4) Canoas  47,9
5) Porto Alegre  47,0
6) Cachoeirinha  42,8
7) Sapucaia do Sul  40,8
8) São Leopoldo  39,6
9) Bento Gonçalves  33,9
10) Pelotas  32,6 

(*) Atlas da Violência