Entidades empresariais utilizam pesquisa duvidosa para justificar apoio ao Pacote

É comum se ouvir pelas ruas que a culpa dos problemas do país é dos políticos. Realmente, nossa classe política é de causar vergonha a qualquer pessoa com o mínimo de bom senso. Porém, nossa classe empresarial não fica muito atrás. Depois da FIESP protagonizar a já folclórica e ridícula manifestação dos patos em Brasília, agora os empresários gaúchos chegaram ao cúmulo de encomendar uma pesquisa para justificar seu apoio ao governo Sartori/PMDB.

Pesquisa sobre o Pacote não faz pergunta sobre o Pacote

Na ânsia de atacar os direitos dos trabalhadores, as entidades que representam os empresários gaúchos encomendaram uma pesquisa ao Instituto IPO sobre o Pacote do Governo Sartori/PMDB. Essa pesquisa serviria para embasar o posicionamento dos empresários a respeito das medidas enviadas à Assembleia Legislativa. Porém, por incrível que pareça, a maioria das perguntas passava longe do Pacote de Maldades. As principais perguntas eram se o Rio Grande do Sul piorou nos últimos anos e quais os principais problemas do estado. Uma das poucas perguntas sobre as medidas do governo Sartori, questionava qual o nível de conhecimento das pessoas sobre o Pacote. E nessa questão, 40% não tinha conhecimento e 27% apenas ouviu falar.

Questões como parcelamento do 13º Salários, alteração da data de pagamento dos salários, privatização de estatais, extinção das Fundações e aumento da alíquota da previdência não entraram na pesquisa. Nem mesmo as questões que atingem diretamente os empresários, como a antecipação do calendário de pagamento do ICMS e o corte de 30% nos créditos fiscais presumidos, foram perguntadas. Mas a declaração do vice-presidente da FARSUL (Federação da Agricultura do Estado), Gedeão Pereira, mostra claramente as reais intenções dos empresários, “independente de pesquisa ou não, o nosso pensamento é de enxugamento do Estado”, afirma o empresário.

Empresários têm muitos motivos para defender Sartori/PMDB

O presidente do Instituto de Pesquisa IPO justificou a limitação da pesquisa com sinceridade. “Muitos dos presidentes das entidades não tinham tempo para os debates. Queriam ver a pesquisa de um dia para o outro, então o levantamento ficou limitado ao que era consenso entre os corpos técnicos das federações”, afirmou Elis Radmann, presidente do IPO. A pressa é justificável, os representantes das entidades empresariais (Farsul, Federasul, Fiergs, Fecomércio, FCDL e Agenda 2020) estavam pouco interessados em saber o que pensam os gaúchos, sua intenção era hipotecar apoio ao governo amigo do PMDB, antes da votação do Pacote.

Realmente, os empresários não têm do que reclamar do governo Sartori/PMDB. Somente de isenções fiscais, abocanharam quase R$ 9 bilhões dos cofres públicos nesse ano. As dúvidas a respeito dessas isenções levaram, inclusive, o Ministério Público a pedir a abertura da caixa preta dessas benesses. Mesmo assim, as entidades ainda têm a desfaçatez de dizer que o problema das finanças do estado é o salário dos servidores públicos. Para o diretor da UGEIRM, Pablo Mesquita, “essa manipulação mostra onde está o problema do nosso estado. A aliança espúria entre governo e empresários está levando o RS à falência. Se o governo realmente estivesse interessado em tirar o estado da crise, bastava cortar as benesses dos empresários, como os incentivos fiscais. Ou combater a sonegação desse mesmo empresariado que manipula pesquisas para apoiar o PMDB”.