Uma semana que não vai ser esquecida

pacote_ortiz3Existe uma frase que diz: “há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem”.  Essa foi dessas semanas em que décadas acontecem.

Desde segunda-feira (19), os gaúchos foram testemunhas da história acontecendo na sua frente. Viram um patrimônio do povo gaúcho, as Fundações, serem extintas pelo governo Sartori/PMDB e sua bancada na Assembleia Legislativa. Presenciaram a Rádio FM Cultura e a TVE/RS, que eram orgulhos dos gaúchos e acompanharam a vida de muitos, serem extintas por pura vingança de um governador que não gosta do que não pode ser representado em números, mas sim em emoção e beleza. Viram trabalhadores e trabalhadoras, que dedicaram a vida a servir o povo gaúcho, chorando quando os deputados extinguiram o que era, para muitos, um projeto de vida, e se emocionaram junto com eles.

O articulador político e dublê de secretário de segurança, confraternizando com os deputados, enquanto policiais agrediam policiais do lado de fora.
O articulador político e dublê de secretário de segurança, confraternizando com os deputados, enquanto policiais agrediam policiais do lado de fora.

Assistiram um suposto secretário de segurança dizer que a agressão de policiais sobre outros policiais era feita com seu consentimento e com seu apoio. Presenciaram, incrédulos, um helicóptero dar rasantes sobre manifestantes, com um atirador apontando um fuzil para servidores que lutavam pelos seus direitos. Observaram, sem acreditar, deputados, que durante a última campanha afirmavam que nunca concordariam em jogar a conta da crise nas costas dos servidores, votarem de forma cruel pela demissão de mais de 1.000 servidores, na véspera do Natal. Assistiram, envergonhados, esses mesmos deputados se apequenarem diante do Judiciário, derrubando a única proposta que não atacava servidores públicos.

Mas também viram Policiais Civis, servidores da SUSEPE, trabalhadores da CEE, Mineiros, trabalhadores das Fundações, do judiciário e as mais diversas categorias do serviço público, enfrentarem, unidos, balas de borracha e bombas de gás, pelo direito mais elementar de todo cidadão: o direito ao trabalho e ao salário no fim do mês. Testemunharam o profissionalismo e a responsabilidade de Policiais Civis e servidores da SUSEPE, que preferiram usar sua voz e sua dignidade para responder aos ataques do Batalhão de Choque da Brigada Militar. Presenciaram uma paralisação de 100% da Polícia Civil, com um corajoso boicote que cancelou várias Operações Policiais. Acompanharam uma greve histórica dos colegas da SUSEPE, que desafiaram o governo Sartori/PMDB para defender a segurança pública do nosso estado. Viram a solidariedade entre os trabalhadores ser feita na prática, com a UGEIRM se colocando incondicionalmente ao lado dos Agentes Penitenciários em greve. E, principalmente, assistiram os trabalhadores ensinando aos supostos donos do poder que, por mais que eles tentem, não conseguirão tirar a sua dignidade e a sua capacidade de se indignar.

Sartori/PMDB não vai desistir de destruir o Serviço Público

pacote_guilherme_santosSem nenhuma dúvida, foi uma semana triste para quem sempre defendeu o serviço público. Mas também foi uma semana que trouxe esperanças, expressas na resistência daqueles que passaram a semana toda na Praça da Matriz. Ao final de tudo, os servidores conseguiram barrar, por enquanto, a votação das PECs que institucionalizam o atraso dos salários, confisca o 13º e acaba com a licença-prêmio. Impediram, também, a PEC que abre caminho para a privatização da CEE, da Sulgás e da CRM.

O governo já deixou claro que não vai desistir desses projetos. A possibilidade mais concreta, é a convocação extraordinária da Assembleia Legislativa para o final de janeiro do ano que vem. O governo conta com uma possível desmobilização dos servidores, devido ao período de férias, para não ter que enfrentar a mesma resistência que encontrou essa semana. Porém, de acordo com presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, o tiro pode sair pela culatra. “Se, por um lado, existe a possibilidade de uma certa desmobilização dos servidores. Por outro, esse mês pode servir para pressionar os parlamentares, que estarão nas cidades que são sua base eleitoral. Esses mesmos deputados que se submeteram à pressão do Judiciário e derrubaram a PEC do duodécimo, não podem ter argumentos para retirar direitos dos trabalhadores. Por isso, é fundamental que os policiais se mantenham mobilizados e exerçam uma forte pressão sobre eles. Vamos tentar fazer reuniões com os parlamentares nas suas bases eleitorais, mostrando para eles as consequências dos seus votos. Nosso foco deve ficar nos paarlamentares do PDT e do PTB, partidos que votaram divididos nas propostas do governo. E, para o final de janeiro, vamos mobilizar os policiais para estarem novamente na Praça da Matriz. Conseguimos uma vitória que foi a não votação das PECs, mas precisamos manter a mobilização para o final de janeiro. Se o governo Sartori/PMDB conseguir aprovar essas propostas, podemos ter certeza que o próximo alvo será a nossa Tabela de Subsídios”, conclui Ortiz.

Veja abaixo, os projetos que ainda faltam ser votados e os que já foram votados

Falta votar

– PL 214 2015, que trata dos créditos presumidos. Pela proposta, a apropriação de créditos fiscais presumidos fica limitada, nos exercícios de 2016 a 2018, ao valor correspondente a 70% do total de créditos fiscais presumidos a apropriar.

– PEC 242 2015, do Executivo, que extingue a licença-prêmio assiduidade do servidor estadual e cria a licença-capacitação.

– PEC 256 2016, do Executivo, que trata da licença de representação sindical sem remuneração a servidores estaduais.

– PEC 255 2016, do Poder Executivo, alterando o artigo 129 da Constituição do Estado, excluindo a guarda externa dos presídios das atribuições da Brigada Militar.

– PEC 261 2016, do Poder Executivo, que altera a redação do artigo 37 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul.

– PEC 258 2016, do Poder Executivo, que extingue o direito aos adicionais por tempo de serviço aos servidores estaduais.

– PEC 257 2016, do Poder Executivo, revogando o artigo constitucional que estabelece o último dia do mês para pagamento dos servidores públicos, bem como a data de 20 de dezembro para o pagamento do 13º salário.

– PEC 259 2016, do Poder Executivo, promovendo alterações na Constituição Estadual, com o objetivo de retirar a necessidade de consulta plebiscitária para os casos de alienação, transferência do controle acionário, cisão, incorporação, fusão ou extinção da CEEE, da CRM e da Sulgás.

– PLC 243 2016, do Poder Executivo, que introduz modificação na Lei Complementar nº 10.990, de 18 de agosto de 1997, que dispõe sobre o Estatuto dos Militares Estaduais. A proposta prevê a vedação de averbação da licença especial em dobro, à semelhança dos demais servidores, porquanto trata-se de tempo ficto, vedado pela Carta Magna, bem como a substituição desse instituto para a licença capacitação, não cumulável. Com essa medida os militares aumentarão em três anos o tempo de efetivo serviço. Ainda, a proposta eleva a idade máxima para reserva compulsória e para a reforma, ajustando-se ao novo requisito de ingresso dos Oficiais da Carreira de Nível Superior e à realidade fática do tempo efetivo nas carreiras, possibilitando que a idade máxima não seja um entrave àqueles que tem condições e decidam por permanecer na ativa. Outra mudança é a exigência de no mínimo vinte e cinco anos de efetivo serviço militar como condição para a passagem à reserva. A regra anterior não previa limites de averbação de tempo público ou privado anteriormente exercido. “Com essa medida, estar-se-á valorizando o tempo especial e aumentando a prestação do serviço especial”, justifica o Executivo.

– PLC 245 2016, do Poder Executivo, que introduz alterações na Lei 2009, que dispõe sobre o Quadro Especial de Servidores Penitenciários do Estado do Rio Grande do Sul, da Superintendência dos Serviços Penitenciários – Susepe, visando à retirada do regime de plantão de 24 horas aos servidores do quadro, bem como qualificando as categorias funcionais do quadro como agentes prisionais, submetidos ao regime de dedicação exclusiva.

– PL 254 2016, que altera a Lei nº 14.716, de 30 de julho de 2015, que dispõe sobre as diretrizes para a elaboração da Lei Orçamentária para o exercício econômico financeiro de 2016, e dá outras providências.

– PL 195 2016, do Judiciário dispondo sobre os emolumentos dos serviços notariais e de registro, altera o Selo Digital de Fiscalização Notarial e Registral, o Fundo Notarial e Registral.

– PL 97 2016 , do Judiciário, dispondo sobre alterações na lei da Taxa Única de Serviços Judiciais.

Já foi aprovado

– PL 249 2016, que reestrutura a Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, que passará a denominar-se Escritório de Desenvolvimento de Projetos. Aprovado com 36 votos favoráveis e 17 contrários.

– PL 247 2016, que dispõe sobre a estrutura administrativa e diretrizes do Poder Executivo do Rio Grande do Sul. A matéria trata, entre outros aspectos, sobre desmembramentos de Secretarias de Estado, reduzindo de 29 para 17 o número de pastas. Aprovado com 38 votos a favor e 14 contra.

– PL 274 2016, que trata das cedência de servidores da Segurança Pública. A proposta permite que os Municípios com mais de duzentos mil habitantes, ou seja, aqueles que notoriamente possuem índices mais expressivos de criminalidade e, por isso, são os maiores destinatários das ações de segurança, possam contar com um agente do Estado do RS no cargo de Secretário Municipal de Segurança. Condiciona a cedência à existência, na municipalidade, de uma Guarda Municipal. Aprovado por unanimidade.

– PL 246 2016, do Executivo, que autoriza a extinção da Fundação Zoobotânica, da Cientec, da FEE, da Metroplan, da Fundação Piratini e Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos – FDRH. Aprovado com 30 votos a 23.

– PL 240 2016, do governo do Estado, que extingue a Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore – FIGTF e a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária – Fepagro. Aprovado com 29 votos favoráveis e 23 contrários.

– PL 244 2016, que extingue a Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas – CORAG. Aprovado com 28 votos favoráveis e 24 contrários.

– PL 242 2016, que alterou a Lei que institui o Diário Oficial Eletrônico do Estado como meio oficial de comunicação dos atos do Estado do Rio Grande do Sul. A proposta estabelece, entre outros tópicos, a dispensa de circulação do Diário Oficial do Estado na sua versão impressa. O texto original também previa que os serviços atinentes ao Diário Oficial Eletrônico poderiam realizados pela Procergs. Aprovado por unanimidade.

– PL 251 2016, que autoriza a extinção da Superintendência de Porto e Hidrovias de Porto Alegre – SPH. Pela matéria, uma vez extinta a SPH seus bens, patrimônio, receitas, dotações orçamentárias, atribuições e competências serão transferidos à Superintendência do Porto de Rio Grande – SUPRG. Aprovado com 30 votos favoráveis e 23 contrários.

– PL 301 2015, do Poder Executivo, que extingue a Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde – Fepps. Aprovado com 28 votos favoráveis e 25 contrários.

– PL 250 2016, que introduz modificações na de 2014, que dispõe sobre o Plano de Classificação de Cargos e Vencimentos do Instituto-Geral de Perícias – IGP, visando à retirada do regime de dedicação exclusiva dos servidores, bem como adaptando a lei às necessidades técnico-científicas da atividade pericial nos processos seletivos de novos servidores. Aprovado com 48 votos favoráveis e 1 contrário.

– PL 241 2016, que altera a lei que estabelece benefício ao servidor integrante dos órgãos operacionais da Secretaria da Justiça e da Segurança, ou ao seu beneficiário, nos casos de “invalidez permanente, total ou parcial, ou morte”, ocorridos em serviço. A alteração proposta fixa o benefício em 3.000 UPFs. Aprovado por unanimidade.

– PL 248 2016, que cria uma Gratificação por Desempenho de Atividade Prisional – GDAP, para os militares estaduais que prestam transitoriamente serviços no sistema prisional do Estado. Aprovado por unanimidade.

– PLC 252 2016, alterando as leis que dispõem sobre o Regime Próprio da Previdência do Estado e sobre o Instituto de Previdência do Estado, elevando para 14% a alíquota da contribuição previdenciária mensal descontada dos segurados civis ativos, inativos e pensionistas. O projeto também busca aplicar o teto constitucional quando da percepção cumulativa de benefício pensão por morte com vencimentos, de maneira a corrigir, segundo o Executivo, distorção atualmente existente. Aprovado com 28 votos favoráveis e 24 contrários.

– PLC 253 2016, que introduz alteração na lei que dispõe sobre o Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores Militares do Estado do Rio Grande do Sul e que instituiu o Fundo Previdenciário dos Servidores Militares, elevando para 14% a alíquota da contribuição previdenciária mensal dos segurados militares ativos, inativos e pensionistas. Aprovado com 28 votos favoráveis e 24 contrários.

Momentos marcantes de uma semana marcante. Fotos: Guilherme Santos (Sul21)

pacote_guilherme_santos3

pacote_ortiz2

pacote_guilherme_santos6

pacote_guilherme_santos5

pacote_guilherme_santos2

pacote_guilherme_santos

praca_matriz_guilherme_santos

pacote_guilherme_santos4