Causa da epidemia de violência é falta de governo

Diario_gauchoNesta sexta-feira (20), o Jornal Diário Gaúcho, do Grupo RBS, traz um caderno especial com dados sobre a violência no nosso Estado nos últimos 5 anos. É feito um criterioso levantamento dos números da violência no nosso Estado. A conclusão a que o jornal chega é que vivemos uma epidemia no Rio Grande do Sul. “Vive-se uma epidemia de homicídios, com 33,8 assassinatos para cada 100 mil habitantes por ano. É três vezes mais mortes que o índice considerado aceitável pela ONU”, ressalta a reportagem. Os números trazem uma radiografia precisa sobre o aumento da violência ano a ano, divisão das vítimas por sexo, idade, incidência dos homicídios por dia da semana, horário, local, motivos e meios utilizados.

O RS tem governador, mas não tem governo

esclada_violenciaEste caderno se insere em um esforço iniciado no mês de janeiro deste ano, quando o jornal Zero Hora, do mesmo grupo RBS, publicou um especial chamado “Crise na segurança”. Neste especial trazia, também, vários números ligados à violência, concluindo que a “violência está em todo lugar”, dando destaque para o índice de assaltos, que haviam aumentado em 60%. Na época, o site da UGEIRM publicou uma matéria (veja aqui) questionando a forma como havia sido feito o levantamento, perguntando o porquê do levantamento focar exatamente nos últimos 5 anos e não no primeiro ano do governo Sartori/PMDB.

Coincidentemente, o Caderno do Diário Gaúcho, publicado nesta sexta-feira, também usa o mesmo corte temporal. Interessante também notar que, da mesma maneira que o especial de Zero Hora, a reportagem especial do Diário Gaúcho não traz uma única linha sobre os investimentos governamentais realizados em Segurança Pública. O mais próximo que se chega disso, é uma crítica superficial ao déficit de policiais. Como é possível se fazer uma análise da violência e suas causas, sem avaliar a ação do poder responsável pela segurança Pública. Um desavisado que leia o caderno do jornal, pode chegar à conclusão que não existe governo no Rio Grande do Sul. Talvez seja verdade mesmo, não temos governo no nosso Estado. Mas temos Governador. Se uma criança ler a matéria, vai acabar o encarte sem saber o nome do nosso governador. Pois, o nome José Ivo Sartori não é citado uma única vez. Seu partido então, o PMDB, passa longe dos textos.

Isso não é gratuito, é uma linha editorial bem definida. O objetivo é claro: proteger o responsável direto pela epidemia de violência no Rio Grande do Sul. Esse responsável tem nome e partido: José Ivo Sartori do PMDB.

5 anos e 5 porquês

5porquesNo encarte especial do Diário Gaúcho, o jornal tenta desvendar os motivos que levaram a essa epidemia de violência. Sob o título “5 anos e 5 porquês”, são entrevistados alguns especialistas para explicar as causas da violência. Dos 5 porquês levantados, três são responsabilidades dos criminosos, um é culpa da retração do efetivo e o outro é responsabilidade do judiciário. O governador Sartori/PMDB, e até mesmo os governantes anteriores, não tem responsabilidade nenhuma. Mesmo o déficit de policiais, é apresentada como se fosse um fenômeno da natureza. Aconteceu… como acontece um temporal ou um terremoto, sem responsáveis.

O problema desses diagnósticos, é que todos eles são verdadeiros. Mas não passam de meias verdades, sem ir à raiz dos problemas. Não são elencadas causas, mas sim consequências. Um exemplo: é verdade que os criminosos utilizam armamentos cada vez mais pesados. Porém, isso é consequência de uma política de segurança que não combate as fontes de financiamento da criminalidade. Que prefere prender a ponta do tráfico, para dar falsas satisfações à sociedade, mas não foca nos grandes traficantes, que muitas vezes estão hospedados em bairros nobres. Para combater o crime organizado é necessário serviço de Inteligência. E para isso, é preciso efetivo para um trabalho de investigação aprofundado. Mas como fazer investigação se os poucos policiais que o Estado possui, estão preocupados em conseguir vagas, em um sistema prisional superlotado, para presos que foram pegos vendendo drogas no varejo? Como fazer serviço de inteligência com policiais desmotivados, sem promoções e com salários atrasados?

Um dos especialistas entrevistados chega a fazer a afirmação a seguir, para justificar a epidemia de violência: “foram substituídos criminosos que tinham alguma estratégia por sanguinários. Hoje, são psicopatas que invadem vilas drogados e saem matando”. Ou seja, o problema é que agora os bandidos enlouqueceram e viraram psicopatas, enquanto antes eles eram estrategistas. Provavelmente o promotor que disse isso, fez essa afirmação dentro de um contexto. Porém, o jornalista, para justificar a tese editorial do jornal, colocou-a descontextualizada e isolada na reportagem.

A causa que não é falada

A questão principal, e que não é citada em nenhum momento, é simples. Falta governo! Esse é o porquê da epidemia de violência no nosso Estado. O governo Sartori/PMDB é um desastre em todas as áreas. Atrasa salários dos servidores, aumenta impostos, sucateia a nossa infraestrutura, levando-a ao patamar de 20 anos atrás, sua política econômica recessiva coloca o desemprego no maior patamar desde a crise de 2008, desmonta as polícias causando um déficit no contingente que já é o maior da história. Tudo isso tem um preço: a perda de 1.539 vidas em 2015.

É necessário parar de ficar dando voltas e falar o essencial. Precisamos de governo e de um governador! Precisamos de uma política de segurança que vá além das operações midiáticas. Não é possível fazer mais com menos, como gosta de falar o governador. Segurança pública não é lugar para jeitinhos, pois lidamos com vidas.

Os números são importantes para fazermos diagnósticos. Mas diagnósticos não servem de nada se não identificamos os agentes responsáveis pelos números. De nada adiantam estatísticas se elas não servem para mudar atitudes. Nesse momento, a principal atitude que tem que ser mudada é a de corte de investimentos, que está acabando com o Rio Grande do Sul e matando a sua população. Em outras palavras, o governador Sartori/PMDB tem que começar a fazer aquilo para o que foi eleito: governar.