Feminicídios sobem 66% em abril em comparação com o mesmo mês do ano passado no RS

Dez mulheres foram assassinadas. Secretaria de Segurança Pública não acredita que isolamento social tenha contribuído para o aumento, já que índice vem crescendo desde o último ano.

O número de feminicídios aumentou em abril no Rio Grande do Sul, apontam os dados apresentados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) na manhã desta quinta-feira (14). Enquanto que, no mesmo mês, em 2019, ocorreram seis assassinatos de mulheres, no mês passado foram 10. Isso representa um aumento de 66,7%.

Desde o início do ano até abril, 36 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado. Isso representa um aumento de 71,4% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram 21 vítimas no quadrimestre. Veja a tabela abaixo.

Feminicídios no RS

20192020
Janeiro310
Fevereiro15
Março1111
Abril610

Fonte: Secretaria de Segurança Pública/RS

Enquanto isso, os demais indicadores de violência contra a mulher reduziram em abril. As ameaças passaram de 3.085 em 2019 para 2.026 no último mês (-34,3%), as lesões corporais caíram de 1.719 para 1.259 (-26,8%), os estupros diminuíram de 107 para 78 (-27,1%) e as tentativas de feminicídio reduziram de 37 para 18 (-51,4%).

O secretário de Segurança Pública e vice-governador do RS, Ranolfo Vieira Júnior, destacou que pode haver subnotificação em casos em que não há feminicídio consumado, mas que não acredita que seja devido ao isolamento social provocado pela pandemia de coronavírus.

“Essa questão da subnotificação, ela está sempre presente. Não é só em razão do distanciamento. Inúmeras são as vezes onde a mulher não vai ao poder público denunciar. Das 10 vítimas do mês de abril, nenhuma delas tinha medida protetiva ou sequer um boletim de ocorrência contra seu agressor”, disse.

Registros de ameaças, lesões corporais, estupros e feminicídios tentados diminuíram — Foto: Divulgação / SSP

Registros de ameaças, lesões corporais, estupros e feminicídios tentados diminuíram — Foto: Divulgação / SSP

O vice-governador destacou ainda que, para ele, o aumento no número de feminicídios também não deve ser devido ao distanciamento. “Não acreditamos que tenha relação, pois são números que já vêm crescendo desde o último ano. Não apenas no RS, e, sim, em todo o país. Seguimos analisando e buscando uma explicação para isso”, afirm.

Ranolfo exaltou, ainda, a importância da conscientização e da denúncia por parte de mulheres, amigos e familiares. “Nosso objetivo é que, até o final do ano, esse dado diminua, pois é um indicador muito importante”, finaliza.

Crimes contra a mulher

No dia 2 de abril, em Capela de Santana, na Região Metropolitana de Porto Alegre, uma mulher de 36 anos foi morta pelo ex-companheiro, que depois se matou.

De acordo com a Polícia Civil, a filha mais nova da vítima, uma adolescente de 15 anos, ouviu a discussão e os tiros. Ela e a irmã mais velha encontraram a mãe no chão, e o ex-padrasto na cama, ambos já sem vida.

No dia 17 de abril, a advogada Maria Elizabeth Pereira, de 65 anos, foi morta a tiros pelo companheiro, um ex-policial, em Porto Alegre. De acordo com o relato do irmão, o suspeito fazia uso de medicação para tratar uma epilepsia. A vítima era presidente da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs).

No dia 26 de abril, Andiara Cristians Fernandes da Silva, de 28 anos, foi encontrada morta dentro de casa em Caxias do Sul, na serra gaúcha. O principal suspeito é o companheiro da vítima, que está preso.

Segundo a ocorrência policial ela possuía um corte no pescoço. A mãe da vítima relatou à polícia que o casal estava na casa dela um pouco antes do crime.

Os casos podem ser comunicados pelos seguintes canais:

  • Disque 180
  • Disque Denúncia 181
  • WhatsApp (51) 9-8444-0606
  • Denúncia Digital 181
  • E emergências, pelo 190 da Brigada Militar.