Mesmo com três anos sem reposição salarial, investigação da PC resulta em mais de 1.500 prisões em 2021

Apesar dos três anos sem reposição salarial, o trabalho de inteligência e de investigação dos (as) Policiais Civis do estado, resultou em um aumento significativo no número de prisões relacionados a casos de homicídios. De 2020 para 2021, o número de detidos pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) passou de 1.190 para 1.550, um salto de 30,2%, com uma média de quatro prisões desse tipo por dia.

Esse acréscimo veio a partir de um maior investimento na Divisão de Inteligência, com um aumento de agentes responsáveis por rastrear vestígios de onde se encontravam os criminosos. Esse trabalho minucioso, levou a captura de 12 chefes de facções que se encontravam fora do estado. Mais da metade deles estava em Santa Catarina, outros foram encontrados na Bahia, Rio de Janeiro e até fora do país, no Paraguai. Além do investimento em inteligência, a DHPP ampliou o olhar para os homicídios cometidos pelo tráfico, responsabilizando a todos, ainda que não tenham ordenado o crime ou apertado o gatilho.

Além da prisão dos líderes, a Polícia Civil implantou uma política de isolamento dessas lideranças, seja por meio das penitenciárias federais ou com a movimentação do preso dentro do sistema carcerário gaúcho, para tentar minimizar a influência deles nas ruas. A asfixia econômica das facções, através do combate à lavagem de dinheiro, foi outra medida tomada para frear a capacidade que esses líderes têm de custear homicídios. Com menos recursos, fica mais complexo pagar executores, adquirir armas e arregimentar novos membros.

Prisões levaram a queda dos homicídios no estado

Com o aumento das prisões, o estado experimentou uma significativa queda no número de homicídios no Estado e, particularmente, na Região Metropolitana. Além de Porto Alegre, os dados são relativos a Alvorada, Canoas, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Viamão. De janeiro a novembro de 2021, foram 454 assassinatos registradas nesses municípios. Uma queda de 161 homicídios em relação ao mesmo período de 2020, que registrou 615 assassinatos.

Entre os municípios, Alvorada registrou a maior redução de assassinatos, com 52 a menos (de 112 para 60). Na Capital foram 37 vítimas a menos (de 253 para 216). É importante destacar que, há um ano, a abrangência do DHPP foi ampliada e os municípios de Alvorada, Canoas, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Viamão passaram a fazer parte do departamento (os dados de prisões em 2020 já contabilizaram as realizadas nestes locais).

Números mostram que investimento na PC gera economia para o estado

A taxa de homicídios solucionados em 2021 também cresceu no RS. A média de assassinatos elucidados (aqueles nos quais o inquérito é encaminhado ao Judiciário com indiciamento de investigado) registrada pela Polícia Civil passou de 73,88% em 2020 para 76,04%. O número é referente aos dados de todo o Estado.

Além dos números frios, que demonstram a eficiência da Polícia Civil gaúcha, é importante ressaltar que isso aconteceu mesmo com a categoria estando sem reajuste desde dezembro de 2018, ou seja, três anos sem recomposição salarial. A UGEIRM já encaminhou a solicitação da abertura de negociação ao governo. No entanto, até agora não se obteve nenhuma sinalização para abertura desse debate, pelo contrário, o governo acena com a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, que pode congelar os salários por mais nove anos. Uma simples mudança de foco, privilegiando o trabalho de investigação, ao invés da repressão pura e simples, foi responsável por poupar 161 vidas nos onze primeiros meses de 2021. Além das vidas poupadas, temos que ressaltar a economia com serviços de saúde e o aumento da sensação de segurança da população. Se o governo se dispuser a garantir, pelo menos, a reposição salarial dos Policiais, com certeza a sociedade gaúcha terá resultados ainda mais significativos.

Esses números demonstram que o dinheiro investido na Polícia Civil não deve ser considerado um gasto, mas sim um investimento que traz frutos de valor inestimável para a sociedade. A prisão dos responsáveis por homicídios tem uma consequência na sociedade, que enxerga o fim da impunidade, estimulando o cumprimento da lei e desestimulando os criminosos. O primeiro passo para combater a violência, é o fim da sensação de impunidade. E para punir os criminosos, é fundamental o investimento cada vez maior no trabalho de investigação e inteligência.