Mobilização dos servidores faz Sartori/PMDB recuar de convocação extraordinária

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Foto: Luiza Castro

O governo Sartori/PMDB reconheceu, nesta quinta-feira (12), que não tem força para aprovar, agora em janeiro, o restante do seu Pacote de Maldades. Com isso, desistiu da convocação extraordinária da Assembleia Legislativa. O motivo para o recuo do governo Sartori/PMDB, é o medo de ser derrotado nas PECs que não foram votadas em dezembro. Com a desistência, os projetos restantes serão apreciados em fevereiro, com a volta dos trabalhos legislativos na Assembleia.

O governo queria votar os projetos em convocação extraordinária, ainda em janeiro, para evitar a apreciação do Pacote tendo na presidência da Assembleia um deputado de um partido da oposição. Em 1º de fevereiro, assume a presidência o deputado Edegar Pretto (PT). A expectativa é que Pretto tenha uma atitude bem diferente da atual presidente, Silvana Covatti (PP), que proibiu a presença da população nas galerias da Assembleia Legislativa, além de autorizar a presença da Brigada Militar nas dependências do Parlamento para organizar a repressão aos manifestantes contrários ao Pacote.

Esse recuo de Sartori/PMDB demonstra o medo que o governo tem da mobilização dos servidores. A pressão feita nas bases eleitorais dos deputados, impediu que o governo conseguisse mobilizar os parlamentares para aprovar o Pacote. O governo sabe que teria que enfrentar outra grande mobilização dos policiais, como já teve que enfrentar em vários momentos do seu governo. Nesses dois anos, os policiais já realizaram três grandes Marchas pela Segurança Pública, fecharam a Assembleia Legislativa, realizaram uma greve de 12 dias, ocuparam a Praça da Matriz e protagonizaram, em dezembro, uma grande mobilização contra o Pacote, enfrentando, durante uma semana inteira, uma forte repressão com bombas, balas de borracha e, até mesmo, helicópteros.

A pressão causada pela Operação Padrão e o boicote às Operações Policiais, realizadas pelos Policiais Civis, também cumpriu um papel fundamental na decisão do governo. O governo perdeu a única resposta que tinha para o aumento da violência no estado. Desde o ano passado, as grandes operações policiais, que eram a principal peça de propaganda do governo na área de segurança pública, saíram dos noticiários. Porque simplesmente deixaram de acontecer.

Governo não vai desistir

A previsão é que o governo retome a votação do Pacote já em fevereiro. Mas sabendo que terá bastante dificuldade para aprovar as PECs, o governo já elabora um Plano B. A tendência é que o governo tente retomar a ofensiva através da renegociação da dívida com a União. O governo Temer já está anunciando um acordo com o governo do Rio de Janeiro, também do PMDB, onde aprofunda ainda mais os ataques aos servidores. Propostas como redução da jornada de trabalho com redução dos salários, privatização de estatais, suspensão de reajustes já acordados e proibição de realização de concursos públicos, fazem parte das contrapartidas oferecidas pelo governo do Rio de Janeiro.

Uma possibilidade concreta, é o governador utilizar a negociação do RJ como modelo e tentar aplicar as mesmas medidas aqui no RS. Com isso, os reajustes da Segurança Pública estariam seriamente ameaçados, além das Promoções e contratação de novos policiais. Essa seria a forma do governo Sartori/PMDB implementar suas propostas sem precisar aprovar o restante do Pacote de Maldades.

Para o presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, “esse recuo do governo é uma grande vitória da mobilização dos policiais. Ela mostra o caminho que devemos seguir. Não podemos deixar o governo respirar, se ele recuou agora, temos que continuar mobilizados e fazê-lo recuar ainda mais. Aliviar a nossa pressão, agora, possibilitaria ao governo reagrupar a sua base e, talvez, aprovar o Pacote em fevereiro. E mesmo se derrotarmos o governo em fevereiro, temos que continuar pressionando para garantir nossos reajustes, o pagamento do 13º salário, impedir o parcelamento de salários e garantir as promoções. Por isso, vamos manter a mobilização e a pressão sobre os deputados nas suas bases. Também vamos ficar atentos à renegociação da dívida com a União. Não vamos permitir que o governo use o reajuste da segurança como moeda de troca com a União”. Ortiz lembra, também, que “a UGEIRM não vai aceitar qualquer tipo de retaliação sobre os valentes colegas que mantiveram a Operação Padrão e o boicote das Operações Policiais. Esses colegas estão defendendo a segurança da população. São eles que vão, cotidianamente, para as ruas combater a violência. Não vamos permitir que eles sejam punidos por estarem exercendo sua obrigação de defender a polícia Civil contra o desmonte que o governo Sartori/PMDB vem realizando”.