Presos se rebelam no Palácio da Polícia e destroem ônibus-cela

onibus_palacio1Na manhã deste sábado (19), os presos que se encontravam detidos no ônibus que era utilizado como carceragem, no pátio do Palácio da Polícia, se rebelaram e destruíram o veículo. Estimulados pela rebelião dos presos do ônibus, os presos que se encontravam detidos na carceragem da 2ª DPPA, também se rebelaram e atearam fogo na cela. Além da atuação dos colegas que estavam no plantão, foi necessária a intervenção do BOE, do GOE e de várias outras viaturas da Brigada e da Polícia Civil para conter os presos. No total, mais de 50 policiais tiveram que ser mobilizados para controlar a situação.

Durante a semana, a UGEIRM já alertava para o perigo da solução “milagrosa” encontrada pelo governo Sartori/PMDB para a falta de vagas no sistema carcerário. Qualquer pessoa, com o mínimo de discernimento, sabia que esse tipo de solução não poderia dar certo. Deter presos por um longo tempo, algemados dentro de um ônibus, é pedir para acontecer uma rebelião. Felizmente, nenhum policial ficou ferido e os danos foram apenas materiais. Porém, o prejuízo de ter que mobilizar um grande contingente de policiais para controlar a situação é grande. O diretor financeiro da UGEIRM, Cládio Wohlfahrt, esteve no local para dar apoio aos colegas e conferir a situação pessoalmente. Um detalhe chamou a atenção da UGEIRM e dos repórteres presentes no Palácio da Polícia: nenhum representante da Secretaria de Segurança compareceu ao local. No mesmo horário, o Secretário Cezar Schirmer participava de uma solenidade de entrega de quatro viaturas da polícia na sua cidade, Santa Maria.

onibus_palacio2A sensação que se tem, é que o governo perdeu totalmente a capacidade de articulação na área da segurança pública. A cada evento, as informações são desencontradas e ninguém sabe o que fazer. O evento deste sábado causou um mal-estar entre a chefia da Polícia Civil, o comando da Brigada Militar e a direção da SUSEPE. Enquanto isso, os verdadeiros responsáveis, que são o Secretário de Segurança e o Governador Sartori, não apareceram nem mesmo para dar uma declaração.

O diretor da UGEIRM, Cládio Wohlfahrt, ressalta que “o puxadinho que a Secretaria de Segurança arranjou, como forma emergencial para solução do problema, não funcionou. E não vai funcionar, porque viatura não é para isso. Assim como delegacia também não é. Não proporciona segurança para ninguém. Se dentro do presídio, que é feito para isso, os presos já se rebelam, imagine em locais improvisados. Esse acontecimento provou que essa política emergencial é vexatória, qualquer pessoa sabe que daria nisso. Se um colega for morto, o Secretário de Segurança e o Governador Sartori vão ser responsabilizados. E é isso que o governo está construindo: o cenário ideal para uma tragédia”. Além da irresponsabilidade do Poder Executivo, é preciso ressaltar a omissão dos outros poderes. O Judiciário é afrontado diariamente pelo governador Sartori/PMDB, que não cumpre nenhuma decisão judicial, e o poder judiciário aceita calado. A Assembléia Legislativa tornou-se mera aprovadora de propostas do Executivo. Uma CPI foi pedida pela sociedade civil para discutir soluções para a segurança pública e os deputados guardam um silêncio criminoso. Para Cládio Wohlfahrt, “quando um policial for morto em uma rebelião, podemos afirmar que a autoria será do poder Executivo, com a cumplicidade do Legislativo e do Judiciário”