Saiba qual cidade gaúcha teve uma das maiores reduções de homicídios no Brasil
Município da Zona Sul teve 52% de queda nas estatísticas de assassinatos.
Humberto Trezzi | GauchaZH
Pelotas, merecidamente chamada de Princesa do Sul, está entre as que tiveram a maior queda de homicídios entre as grandes cidades do país, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), ligado ao Ministério da Economia. O trabalho analisou os 120 municípios que tinham o maior número e a maior taxa de homicídios do país em 2017 e identificou que Pelotas está entre as quatro cidades que mais reduziram as mortes violentas.
Entre 2019 e 2020, o município registrou diminuição de 52% no número de assassinatos (de 65 mortes para 31, no espaço de um ano). Entre 2017 e o ano passado, a redução é de 70%. Quais os motivos?
Tudo indica que seja pela adoção de políticas públicas focadas no assunto. A maior cidade da zona sul do Estado adotou o Pacto pela Paz, um conjunto de medidas pautada pela integração entre forças de segurança. Brigada Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal monitoram os chamados “pontos quentes” de homicídios e roubos. Isso é feito mediante estudo prévio de georreferenciamento, o que inclui dias e horários mais vulneráveis a crimes.
Entre as estratégias adotadas estão apreensão sistemática de armas de fogo ilegais e policiamento em microterritórios de risco. Também foram implementadas, nos locais de maior incidência de crimes, vistorias em bares, boates, pessoas e veículos, das 22h às 5h. A ação visa diminuir a perturbação do sossego e os crimes de menor potencial de gravidade, especialmente nas madrugadas.
Em paralelo, foram criados três programas sociais: Infância Melhor (visitas de profissionais de saúde a crianças de até três anos em vulnerabilidade social), Famílias Fortes (encontros semanais para fortalecer vínculos familiares de jovens de até 14 anos) e Escola pela Paz (com comissões internas de prevenção da violência nas escolas).
Quem me passou a dica sobre o estudo que coloca Pelotas entre os municípios mais bem sucedidos no combate à violência é o cientista social Marcos Rolim, que durante anos presidiu o Instituto Cidade Segura, uma das entidades envolvidas no Pacto pela Paz pelotense. No caso pelotense, esse instituto trabalha em parceria com duas outras entidades internacionais, a Comunitas e a Open Society Foundations.
O curioso – e importante – no caso de Pelotas é que é uma iniciativa plural e apartada de rixas políticas. A prefeita Paula Mascarenhas é do PSDB, mas alguns dos idealizadores do Pacto pela Paz foram ou são simpatizantes de partidos como o PSOL e o PT. Legal ver que boas iniciativas estão acima das rinhas ideológicas.
