Seminário marca o Mês da Consciência Negra na Polícia Civil
Com o tema Ancestralidade e Resistência, foi realizado no dia 30 de novembro, no Auditório Delegado Cícero do Amaral Viana do Palácio da Polícia, o II Seminário da Consciência Negra da Polícia Civil.
A abertura do evento, que transcorreu durante todo o dia, contou com uma apresentação cultural, onde foi executado um toque de tambor para abrir os caminhos. Depois disso, foi executado, também com tambores, o hino da Umbanda. Em seguida foi instalada a Mesa de Abertura do evento, com a presença do Chefe de Polícia, Delegado Emerson Wendt, e outras autoridades.
Os debates abordaram vários temas sobre a realidade da população negra. A primeira mesa debateu a Exclusão do Povo Negro: da Escravidão à Reforma Trabalhista. O painel, que contou com a mediação do Comissário de Polícia Luiz Felipe Teixeira e teve a participação de Ubirajara Toledo do IACOREC (Instituto de Assessoria as comunidades quilombolas) e Emir da Silva do MNU (Movimento Negro Unificado), debateu, entre outras questões, a questão da defesa dos territórios quilombolas, que tem sofrido um ataque cada vez maior por parte do agronegócio e as mudança na legislação trabalhista, que atinge majoritariamente o povo negro do país.
Na parte da tarde, uma das principais mesas, debateu a questão da mulher negra na sociedade brasileira. As mediadoras, Gerusa Bittencourt (enfermeira, especialista em emergência e saúde coletiva) e Karen Morais (professora da rede estadual e militante da Frente Quilombola), debateram a saúde da mulher negra e o feminicídio praticado contra a população de mulheres negras do país. Uma das principais expressões dessa violência, é o encarceramento crescente da população negra e, em especial, das mulheres negras.
Encerrando os Painéis, foi realizado um debate sobre a Religiosidade de Matriz Africana, que contou com a participação de Iyá Vera Soares (Yalorixá conselheira do Conselho Estadual do Povo de Terreiro) e Beatriz Gonçalves Pereira, a Bia da Ilha (representante da UTT – Unidade Territorial Tradicional Reino de Iemanjá, Oxóssi e Xangô). Os debatedores alertaram para o recrudescimento da discriminação das religiões de matriz africana, tendo como expressão máxima, os ataques que os cultos religiosos africanos têm sofrido, principalmente, no Rio de Janeiro e São Paulo. O evento foi encerrado com uma apresentação artística.
Um dos organizadores do evento, o Comissário Luis Felipe de Oliveira, saudou o apoio e parceria da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento á Mulher) e da Chefia da Polícia Civil.
O presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, saúda a organização do evento. “Esse tipo de evento é fundamental para a conscientização dos policiais. A população negra precisa discutir suas questões e, principalmente, se fazer ouvir. Vivemos hoje um verdadeiro genocídio da população negra nas cidades. A maior parte dos policiais mortos em trabalho são negros. Essas questões têm que ser trazidas para dentro da instituição. Por isso, essa iniciativa é tão importante. Esperamos que outros eventos sejam realizados e que os policiais sejam estimulados a participar”.