Carnaval registra violência recorde na Região Metropolitana

armas

O que já era previsto se confirmou com a divulgação dos números de homicídios no carnaval. De acordo com levantamento do jornal Diário Gaúcho, foram registrados pelo menos 32 assassinatos entre o meio-dia de sexta e o meio-dia de quarta. Uma média de uma morte a cada quatro horas, seis assassinatos por dia. Comparado com o ano passado, o aumento foi de 68,4%. Se fosse um jogo de futebol, poderíamos dizer que o poder público sofreu uma das suas piores derrotas no RS. Comparável ao 7 a 1 de Brasil e Alemanha. Infelizmente, o governo preferiu agir como a CBF, mudou o técnico, no caso do governo o chefe de Polícia, mas a estrutura continua a mesma.

Esses números comprovam a falência do governo Sartori/PMDB na área de segurança. Infelizmente quem paga a conta da política desastrosa do governo é a população gaúcha. Uma população que se escondeu da violência durante o carnaval, quando não conseguiu sair da cidade, preferiu ficar em casa do que enfrentar o risco que representa sair às ruas da região metropolitana atualmente. Para mudar esse clima de medo que ronda o nosso estado desde a posse do governo Sartori/PMDB, será preciso muito mais do que um novo Chefe de Polícia. Precisaremos de uma política real de segurança pública. Começando pelos problemas imediatos, como investimentos em equipamentos, contratações de novos policiais, dinheiro para pagamento das horas-extras e diárias. Além disso, é urgente a retomada das promoções, congeladas desde o início do governo Sartori/PMDB. A Ugeirm irá cobrar do novo Chefe de Polícia um posicionamento claro a respeito das promoções, pois os policiais não podem mais conviver com essa situação. Ou seja, é necessário que o governo saia da posição de vítima e passe para a ação, propondo e implementando políticas além dos cortes e lamentações pela falta de dinheiro.

Segurança Pública precisa de discussão e soluções profundas

Porém, precisamos mais do que atacar os problemas imediatos. Essas medidas podem ser capazes de amenizar a verdadeira epidemia de violência por que passa o nosso Estado. Mas não será capaz de promover uma política contínua e de fôlego para combater a violência. Para isso, será necessária uma discussão aprofundada sobre política de segurança pública. Será necessário discutir o modelo de polícia adotado no nosso estado e no nosso país. Questões como as duas portas de entrada para a “carreira policial”, carreira única, ciclo completo, formação policial, monitoramento de resultados, áreas integradas de segurança, sistema penitenciário, política de encarceramento, precisam ser discutidas amplamente pelo governo, policiais e sociedade. A contratação de novos policiais e a retomada dos investimentos será capaz de baixar a febre de uma sociedade extremamente debilitada pela violência, mas se não atacarmos as causas da doença, poderemos ter uma recaída mais grave ainda no futuro.

Infelizmente, não vemos no governo Sartori/PMDB nenhum sinal de que, realmente, existe uma vontade política de enfrentar esses temas de forma aberta. A tendência é de atacar a violência com medidas que beiram o ridículo, como a possível contratação de militares como policiais temporários. Em um cenário de total falta de política, abre-se espaço para medidas e discursos que, ao invés de atacar o problema, apenas o agrava.

Para o vice-presidente da Ugeirm/Sindicato, Fábio Castro, “se o governo não é capaz de liderar esse processo, a sociedade organizada precisa tomar a frente e liderar esse processo de discussão e implementação de soluções. No momento que a violência bate na porta dos gaúchos não existe mais espaço para ficarmos trancados dentro de casa, precisamos ir para as ruas de forma organizada pressionar o poder público. Além disso, uma das tarefas principais das entidades da segurança pública é a discussão de uma política de segurança séria e consequente. A Ugeirm se propõe a fazer essa discussão com as entidades, com o governo e com a sociedade durante esse ano de 2016”.