Estado do RS tem menor efetivo de policiais civis da história

(Na foto, a reunião da UGEIRM com a comissão de aprovados)

Há vários anos, a UGEIRM vem denunciando a queda acentuada do número de policiais civis no nosso estado. Ano a ano o contingente vem se reduzindo. A reposição, quando feita, não consegue nem mesmo suprir as saídas de policiais. De acordo com dados da própria Secretaria de Segurança Pública, o déficit da Polícia Civil hoje chega a 50% do necessário para que cumpra a “previsão legal para trabalhar”, nas palavras do Secretário Ranolfo Vieira. A instituição tem previsão de 9,6 mil servidores e, hoje, conta com apenas 4.851 policiais. Um número bem abaixo do que já contou, por exemplo, em 1980, quando a Polícia Civil contava com um quadro de 6,5 mil policiais e o estado tinha 7,5 milhões de habitantes. Hoje o estado tem mais de 11 milhões de habitantes e menos de 5.000 policiais.

O resultado dessa política, tem se mostrado catastrófico para a segurança pública do estado. Com tamanho déficit, a finalidade primeira da Polícia Civil, que é a investigação, fica relegada a segundo plano. Um policial da região Noroeste define bem a situação, “como vai sair para fazer investigação? Atender ocorrência, intimar? Precisa de material humano. Caso não, oferece risco para o policial e para os demais. Preciso empregar maior força para evitar me colocar em risco, por exemplo”.

Mudança de escalas e sobrecarga para os (as) policiais viraram rotina

Além de praticamente inviabilizar o trabalho de investigação, o déficit de pessoal já dá sinais de que pode afetar a escala de 12/24, 12/72. Com a redução do quadro de servidores, também a prática do sobreaviso, condenada pelo próprio governo, tem retornado com força em várias delegacias. O quadro em algumas delegacias é de quase inviabilização do seu funcionamento. O caso da DEAM é emblemático, onde a escala de 24 horas, com apenas duas plantonistas, tem levado essas policiais a uma situação de grande stress laboral. Por outro lado, qualquer solução que não passe pela reposição do efetivo, com a convocação de novos policiais, será apenas uma política de cobertor curto.

As Delegacias com apenas 1 policial já viraram algo comum no interior do estado e tendem a aumentar. O último levantamento, da própria Secretaria de Segurança Pública, apontava no início desse ano um total de 87 municípios com apenas um (a) policial civil.

Governo tem que convocar imediatamente todos os aprovados no último concurso

Está prevista para o início de julho a formatura da turma que está atualmente cursando a Academia de Polícia. É fundamental que esses novos policiais sejam imediatamente empossados e, ainda no primeiro semestre, seja convocada uma nova turma para iniciar a formação na Acadepol. É inadmissível que, com um efetivo abaixo de 5.000 policiais, tenhamos 2.000 candidatos já aprovados em concurso, ainda esperando a convocação do governo. É preciso que o governo trace imediatamente um calendário de convocação para os aprovados. Esses novos policiais poderão significar um pequeno, porém importante, alívio na falta de pessoal da Polícia Civil.

Além dessas medidas emergenciais, o novo governo precisa, o mais rápido possível, estabelecer um calendário permanente de reposição de pessoal, com a convocação de todos os aprovados e previsão de novos concursos. O combate ao déficit do efetivo da polícia civil deve ser uma prioridade da política de segurança do governo Eduardo Leite. Não se combate a violência e garante a segurança da população, sem policiais investigando.

Direção da UGEIRM se reúne com Comissão de aprovados

Visando aumentar a mobilização pela convocação imediata de todos os aprovados, a direção da UGEIRM se reuniu, na tarde desta terça-feira (02), com a Comissão dos aprovados no último concurso para a Polícia Civil. Durante o encontro, foram discutidas estratégias de mobilização para pressionar o governo e sensibilizar a opinião pública da importância da convocação imediata dos aprovados e a reposição do efetivo da Polícia Civil. Para o presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, “essa articulação é fundamental, foi com o apoio da UGEIRM e a mobilização dos aprovados que o histórico movimento dos 650 conseguiu que todos fossem convocados no governo Sartori. Precisamos repetir essa mobilização agora. A situação atual é até mais grave do que naquele momento e o sindicato vai apoiar e colocar a sua estrutura à disposição dos futuros colegas. A luta deles é a luta de toda a sociedade, por uma segurança pública de qualidade e um combate efetivo à violência”.