Governo transforma policiais da DPPA de Gravataí em carcereiros

gravatai2Os policiais civis lotados na DPPA de Gravataí já não fazem mais o trabalho de policiais civis. Com a superlotação das celas da delegacia, os agentes viraram carcereiros em tempo integral. Negociação com os parentes de presos que não podem receber visitas na DPPA, fiscalização da comida que chega, atendimento dos detidos, tentativa de conseguir vagas nas penitenciárias e várias outras funções típicas de agentes penitenciários tem sido a rotina dos policiais civis da DPPA de Gravataí.

Nesta terça-feira (31), eram 10 presos nas celas da delegacia, enquanto outro preso aguardava algemado em uma sala de contenção, após passar a noite detido em uma viatura da Brigada Militar. Anteriormente já havia chegado à situação de vinte presos se aglomerarem nas celas. A situação é a mais caótica possível. As condições de higiene são inexistentes, a alimentação dos presos é fornecida pelos próprios familiares. Isso leva a situação em que o policial de plantão tem que fiscalizar cada refeição enviada, para se certificar que não há nenhum objeto que possa ser utilizado em uma possível fuga.

O trabalho de polícia judiciária se torna inexistente. Um simples atendimento, para registro de um flagrante ou de uma ocorrência, se torna de grande complexidade. Pois tem que ser feito com os constantes gritos dos presos, que reclamam das condições da prisão, e sob a tensão de uma possível rebelião ou, até mesmo, um resgate, o que colocaria em sério risco a integridade física das pessoas que estão sendo atendidas. O trabalho de investigação é quase impossível, pois os policiais estão ocupados em manter os presos calmos, além de executar todo o serviço que é atribuição de agente penitenciário, caracterizando desvio de função.

gravatai1O vice-presidente da UGEIRM, Fábio Castro, que esteve em Gravataí na manhã desta terça-feira, pergunta quem vai se responsabilizar em caso de rebelião com vítimas. “Será que o governador Sartori/PMDB vai assumir a responsabilidade caso um policial seja ferido por um preso? E se um cidadão for pego de refém por um preso em fuga, quem assumirá a responsabilidade? O Judiciário, que se nega a tomar uma atitude? O suposto secretário de segurança, que prefere fazer a articulação política do governo? De uma coisa temos certeza: essa situação não pode continuar! Não aceitaremos que os policiais, além de trabalhar em desvio de função, tenham sua integridade física colocada em risco. É a hora da sociedade dar um basta a essa situação absurda!”, conclui Fábio Castro.