Pandemia chega às Delegacias e coloca a vida de policiais civis em risco

Desde o início da Pandemia do novo Coronavírus, a direção da UGEIRM tem alertado para o risco da entrada do vírus nas delegacias de polícia gaúchas. Desde pedidos de providências em relação à utilização dos equipamentos de proteção, passando pela necessidade da restrição dos atendimentos ao público, até a retirada dos presos das delegacias, o sindicato sempre alertou para o risco da proliferação de surtos da Covid-19 entre as forças de segurança pública.

Infelizmente, o governo Eduardo Leite reagiu de forma lenta e, até mesmo, arrogante quanto aos riscos que representa, por exemplo, a permanência de presos nas delegacias. Essa negligência já mostra seus resultados. Em menos de duas semanas, os casos começaram a surgir de forma extremamente grave nas delegacias do estado. Em Alvorada, por exemplo, foram sete policiais contaminados a partir de um grave erro nos procedimentos de prevenção. Um policial testou positivo para o novo Coronavírus numa segunda-feira, o procedimento adotado foi o afastamento, apenas, de dois outros policiais que atuavam diretamente com o colega contaminado, continuando com o funcionamento normal da Delegacia e a realização de testes rápidos para detectar possíveis infectados. O resultado foi desastroso. Os testes rápidos, que são inconclusivos, não detectaram novos casos e outros seis policiais só souberam que também estavam contaminados quase uma semana depois, após a realização de testes RT-PCR, bancados pelos próprios policiais. Mesmo sabendo da possibilidade de existência de um surto em Alvorada, a própria Polícia Civil realizou uma Operação Policial, com quase 200 policiais de várias regiões do estado, na mesma região, colocando em risco todos essas pessoas que participaram da operação.

Coronavírus se espalha por delegacias do estado

Apesar da instituição continuar agindo como se a situação fosse a mesma do início da Pandemia, as notícias que chegam ao sindicato são extremamente preocupantes. A cada dia surgem informações sobre novos contágios na categoria. Além do caso de Alvorada, tivemos informações de casos confirmados na Acadepol com 15 alunos testando positivo, na Volante de Porto Alegre, em Novo Hamburgo, na 2ª DPPA da capital, na DCCI, na 18ª DP de Porto Alegre, na DRACO, no DEIC, na DEAM e em Canoas. Esses são apenas os casos que chegaram até a UGEIRM. Infelizmente, o governo não divulga nem mesmo o total de casos na categoria, o que dificulta ainda mais o trabalho de prevenção e combate da epidemia no seio da categoria.

Mesmo com todos esses casos, o cotidiano dos (as) policiais civis continua o mesmo. As Operações Policiais acontecem normalmente, o Qualificar continua sendo cobrado e os (as) policiais continuam expostos ao risco diariamente, ao trabalhar em delegacias muitas vezes com grandes aglomerações de pessoas.

Governo precisa tomar medidas radicais para proteger policiais

Não se trata mais da proteção de uma categoria apenas. Mas sim de medidas que protejam a população como um todo. Ao expor os (as) Policiais Civis ao Coronavírus, o governo do estado está colocando toda a população em risco. É necessário que medidas concretas sejam tomadas, para evitar uma verdadeira tragédia no nosso estado. A primeira atitude, deve ser a testagem massiva de toda a categoria, com a utilização dos kits RT-PCR e não com testes rápidos, traçando um quadro claro da pandemia na categoria. Isso deve ser combinado com a volta imediata do revezamento, o afastamento imediato dos policiais do grupo de risco e de qualquer profissional que tenha tido contato com pessoas infectadas. O governo também deve cumprir a decisão judicial, conseguida pela UGEIRM, que determina a retirada imediata de todos os presos das delegacias e a limitação do acesso às delegacias, evitando a aglomeração de pessoas no ambiente. Além da continuidade da distribuição dos equipamentos de proteção e a conscientização permanente da categoria, a respeito da importância da utilização desses equipamentos, não apenas pelos profissionais, mas também pela população que é atendida nas delegacias.

O fundamental, nesse momento, é o reconhecimento da gravidade da situação. A Pandemia do Coronavírus já está atingindo de forma dramática a população gaúcha. Caso ela se espalhe nas categorias que executam os serviços essenciais, como a polícia, os efeitos serão ainda mais dramáticos para a sociedade como um todo. Por isso, a UGEIRM continuará cobrando dos governantes a proteção de todos (as) os (as) policiais. O presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, ressalta que “o nosso trabalho é fundamental para o funcionamento da sociedade, principalmente em um momento de crise como o que vivemos. Mas também precisamos deixar claro, que nossas vidas importam e devem ser protegidas pelo Estado. Não vamos aceitar que colegas que já estão se expondo ao risco de contágio para garantir a segurança da população, sejam expostos de forma desnecessária devido a negligência dos governantes”.