Polícia Civil desarticula esquema que aplicava golpes em produtores rurais gaúchos

Detentos se passavam por empresários e lesaram agricultores e empresas em mais de R$ 100 mil.

A Polícia Civil de Ernestina, no norte do Estado, deflagrou nesta quarta-feira (5) operação para coibir um golpe aplicado por detentos há mais de quatro meses em produtores rurais da região. Conforme a investigação, eles se passavam por empresários para adquirir insumos e também para obter dados das vitimas com o objetivo de comprar produtos em empresas.

Somente quatro agricultores e cinco empresas, incluindo uma de São Paulo, foram lesados em mais de R$ 100 mil no período. Além dos dois detentos identificados, dois criminosos que agiam para eles fora das cadeiras foram presos.  

Os mentores do esquema são dois apenados, um de Passo Fundo e outro de Santa Maria, mas ambos são do norte gaúcho e comandam outros oito suspeitos investigados. Dois deles foram presos durante a investigação.

Nesta quarta, foram cumpridos 11 mandados de busca por cerca de 30 policiais civis de Ernestina e de Passo Fundo.

A delegada Rafaela Bier, responsável pelo caso, explica que a primeira parte do estelionato consistia em buscar informações de agricultores e entrar em contato por telefone. Tudo de dentro da cadeia. Após isso, os apenados se passavam por empresários e solicitavam — em alguns casos usando nomes de outros produtores rurais, que já haviam sido vítimas — compras de insumos, principalmente aveia e alfafa.

A segunda parte do golpe era uma sequência da primeira, já que, durante os contatos por celular de dentro dos presídios, os criminosos solicitavam os dados dos produtores rurais. De posse dessas informações, a delegada destaca que os golpistas realizavam compras em empresas de fertilizantes, defensivos agrícolas, ferramentas de alto custo e combustíveis, além de toneladas de aveia, alfafa e calcário.

— O problema é que os estelionatários conseguiam enganar os produtores, que passavam até fotos dos documentos e detalhes que eram usados depois para compras em empresas. Os criminosos usavam as mesmas informações para comprar de outros agricultores e chama a atenção também o fato de que algumas empresas, na hora de vender os produtos, ainda pediam fotos e demais comprovantes ao suspeitos. E eles mandavam fotos de máquinas e fazendas tiradas da internet — alerta Rafaela.

Polícia Civil / Divulgação
Durante a investigação de quatro meses, a Polícia Civil identificou dois apenados e prendeu dois suspeitos que agiam para elesPolícia Civil / Divulgação

A terceira parte do golpe consistia em revender estes produtos para estelionatários, a maioria de Passo Fundo. A delegada Rafaela conta que, enquanto os agricultores eram lesados duas vezes, os criminosos tinham três lucros ilícitos.

Além de comprar os insumos das vítimas sem pagar, faziam compras em empresas se passando por produtores rurais que haviam repassado dados e ainda revendiam para terceiros. Em alguns casos, os agricultores foram cobrados pelas empresas pelas compras que não realizaram.

Rafaela não está divulgando nomes de presos e de produtores porque a investigação continua. Mas ela ressalta que há agricultores de São Luiz Gonzaga, Almirante Tamandaré do Sul, Marau e Nicolau Vergueiro. Além da empresa paulista que foi lesada, há outras de Carazinho, Sarandi e duas de Ernestina.

Durante a apuração policial, foram recuperados alguns objetos adquiridos ilicitamente, como por exemplo, defensivos agrícolas. A polícia disponibiliza o telefone (54) 3378 1023 e o celular (54) 98432 7330 para denúncias sobre o caso, que é apurado pela delegacia de Ernestina.

— Acreditamos que o valor do golpe é muito superior a R$ 100 mil porque, com certeza, há muito mais vítimas, tanto agricultores, quanto empresários, bem como pelo fato de que a quadrilha agia em todo o Estado — revela Rafaela.