Cesar Schirmer desqualifica policiais que trabalharam no incêndio da boate Kiss

Em seu depoimento no Tribunal do Júri, que julgou os fatos ocorridos no incêndio da Boate Kiss, o ex-secretário de segurança pública, Cesar Schirmer, fez uma série de declarações desastrosas sobre a atuação da Polícia Civil durante as investigações que apurou as responsabilidades no incêndio. “O inquérito foi feito pela imprensa. Não foi feita uma investigação sóbria, discreta, respeitosa com as famílias”, foi uma das declarações do ex-prefeito de Santa Maria.

Schirmer fez questão de colocar em dúvida a idoneidade dos policiais que participaram do inquérito. Proferindo uma série de inverdades e acusações infundadas, o ex-prefeito levantou a hipótese dos (as) policiais estarem atuando com interesses políticos. “Parecia que era um desejo de envolver a prefeitura de qualquer forma e eu me refiro só à prefeitura, não quero falar de outras questões ou de outras naturezas. De muitos pontos de vista essa investigação foi medíocre e espetaculosa”, disparou Schirmer.

Além de questionar a idoneidade dos policiais, Cesar Schirmer também colocou em dúvida a capacidade dos profissionais envolvidos no inquérito. “Acho que faltou coragem, isenção, respeitabilidade, competência aos responsáveis pelo inquérito, fizeram inquérito movido pelo noticiário da imprensa e de outras circunstâncias de natureza política. O inquérito é muito ruim, doutor. Desculpe fazer essa afirmação”, afirmou o ex-secretário de segurança.

Declarações como essas, já seriam absurdas se viessem de um ex-prefeito qualquer. Quando ela vem de um ex-secretário de segurança, chega às raias do absurdo. Schirmer, mais do que qualquer um, deveria conhecer o trabalho da Polícia Civil. Porém, esses depoimentos talvez expliquem o descaso com que a instituição foi tratada durante a sua gestão. Os tempos do ex-prefeito à frente da secretaria de segurança foram desastrosos. Durante todo aquele período, não teve um único mês em que os salários foram pagos em dia. O efetivo da Polícia Civil sofre, até hoje, com o descaso de Cesar Schirmer, além de toda falta de estrutura e de políticas de segurança pública, com a explosão de todos os índices de violência no estado.

O trabalho da Polícia Civil, durante a investigação e construção do inquérito do incêndio da boate Kiss, é considerado exemplar por quem mais interessa, que são os familiares das vítimas e a sociedade gaúcha. Esse reconhecimento é demonstrado pelo depoimento da mãe de um dos jovens que perdeu a vida na tragédia de Santa Maria:  “Os nossos delegados, as pessoas de Santa Maria, eles deram o sangue para fazer, as provas, todas, todas, e ele agora está desmentindo. Não existe essa possibilidade. Nós tivemos muito mais apoio da polícia do que da prefeitura”.

A polícia civil gaúcha é reconhecida pela sua idoneidade e dedicação em servir a sociedade. Quando um político desfere acusações infundadas à instituição, enquanto a sociedade elogia e reconhece o trabalho dos policiais, é sinal de que a polícia está do lado certo. O dever dos policiais não é proteger políticos, nem qualquer tipo de autoridade. A missão da Polícia Civil é proteger a sociedade e fazer com que a lei seja cumprida. Foi exatamente isso o que foi feito pelos policiais de Santa Maria: um trabalho exemplar de investigação e a elaboração de um inquérito fundamentado, sem levar em conta a posição política de qualquer dos envolvidos. A prova disso, foi o resultado final do Tribunal do Júri.

Ataques como os desferidos por Cesar Schirmer, é um desrespeito a profissionais que arriscaram suas vidas no momento do incêndio e que foram fundamentais para que vidas fossem salvas e as famílias confortadas. Os mesmos policiais, acusados pelo ex-prefeito, estavam atuando no dia do incêndio, colocando suas vidas em risco para servir à sociedade e continuaram amparando os parentes das vítimas após o incêndio. Quando esses familiares tiveram, talvez, a tarefa mais dura das suas vidas, que era reconhecer o corpo de seus familiares mortos, quem estava ao lado deles segurando suas mãos eram os (as) policiais civis. Perguntamos então: onde estava o ex-prefeito nesse momento? Cesar Schirmer deveria colocar sua mão na consciência e avaliar se ele, enquanto prefeito, fez tudo que era possível para que a tragédia não ocorresse. Os policiais de Santa Maria, apesar de todo o trauma de atuar em uma tragédia como aquela, chegaram em casa e dormiram com suas consciências tranquilas, por terem feito tudo que estava ao seu alcance para evitar que mais mortes acontecessem e que as famílias fossem amparadas. A pergunta que deve ser feita ao ex-prefeito, é se ele foi capaz de fazer o mesmo, no dia 27 de janeiro de 2013.