Com mudança para ‘bandeira’ vermelha, quatro regiões do RS terão que fechar setores do comércio

Da Redação

As regiões de Caxias do Sul, Santo Ângelo, Santa Maria e Uruguaiana passaram de bandeira laranja (risco médio) para vermelha (risco alto) na sexta rodada do modelo de Distanciamento Controlado, em vigor no Rio Grande do Sul para conter o avanço do novo coronavírus. A mudança nas quatro macrorregiões afeta 116 municípios, que terão que adotar medidas mais restritivas em setores do comércio. A nova rodada do modelo, anunciada pelo governo do Estado no último sábado (13), entra em vigor na próxima segunda-feira (15/6) e possui vigência, no mínimo, durante as duas próximas semanas.

Segundo o governo do Estado, as mudanças nas bandeiras, que são o que determina os protocolos de enfrentamento ao coronavírus no RS, aconteceram por dois fatores: a contínua piora dos indicadores de propagação do vírus e redução da capacidade do sistema de saúde. Agora, essas regiões precisarão de duas semanas consecutivas em bandeiras menos elevadas – amarela ou laranja – para efetivamente obterem a redução.

“Os indicadores dessas regiões apuram que há aumento de contágio e menor disponibilidade hospitalar de atendimento. Não é motivo para pânico, mas é um alerta de que precisamos reduzir essa velocidade de contágio para evitar que, lá na frente, haja um colapso do sistema hospitalar. É assim que conseguiremos proteger a todos no nosso Estado. Reforço meu apelo a todos aqueles que estão nessas regiões para que atendam às diretrizes dos protocolos, e a todos que puderem, que fiquem em casa”, disse o governador Eduardo Leite.

Também foram anunciadas pelo governo do Estado mudanças nas regiões de Bagé, que passou de bandeira amarela (baixo risco) para laranja (médio risco), na região de Santa Cruz do Sul, que apresentou melhora nos indicadores, indo de bandeira laranja para amarela. As demais regiões do Estado não tiveram alteração na classificação final, sendo que as regiões de Taquara, Pelotas e Cachoeira do Sul permanecem em bandeira amarela.

Já na macrorregião Metropolitana, as regiões de Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo e Capão da Canoa permanecem em situação de alerta. Apesar de permanecerem com bandeiras laranja, as quatro regiões apresentaram piora nos indicadores de propagação na última semana. Segundo o governo do Estado, o número de pacientes confirmados para covid-19 em leitos de UTI em toda a macrorregião Metropolitana aumentou, na sexta-feira (12), em 29 internados, indo de 68 para 97. Com relação aos internados em leitos clínicos, o aumento foi 17,7%, de 119 para 140 internados.

Restrições e comércio

Com a mudança para a bandeira vermelha, as regiões de Caxias do Sul, Santo Ângelo, Santa Maria e Uruguaiana precisarão adotar protocolos mais restritivos para alguns setores da economia, como shoppings, lojas varejistas e indústrias, e a proibição do funcionamento de outros, como academias, missas e serviços religiosos, clubes sociais e esportivos, salões de beleza e barbearias. Nas regiões, os cursos livres, como de idiomas e artes, não poderão operar na modalidade presencial.

Nos municípios afetados, somente poderá funcionar comércio de itens essenciais – saúde, higiene, limpeza, alimentos, bebidas e materiais de construção –  e com apenas 50% dos trabalhadores. Nos shoppings, o funcionamento só será permitido para lojas de itens essenciais, como mercados, lavanderias e farmácias, e com apenas 25% dos funcionários atendendo. Restaurantes e lancheiras não poderão receber clientes e devem funcionar apenas por telentrega, drive-thru ou pague e leve. O setor da indústria terá de reduzir pela metade a capacidade de operação.

As macrorregiões não poderão ter regras mais brandas que as citadas acima, estipuladas nos decretos estaduais, portarias da saúde e protocolos segmentados. Porém, no caso de medidas mais restritivas, os municípios podem adotar.

Mudança nos indicadores

Na última quinta-feira (11), o governador Eduardo Leite havia anunciado que o modelo de distanciamento controlado passaria por mudanças a partir da sexta rodada. As mudanças diminuem margens de avanço dos indicadores observados pelo modelo para mudança de bandeiras, o que torna mais fácil regiões alcançarem bandeiras vermelha e preta (os dois níveis mais graves). Por outro lado, facilita redução da bandeira laranja para amarela (o menor nível) em regiões com a situação mais controlada.

O primeiro tipo de mudanças ocorreu no cálculo do avanço de indicadores usados para aferir qual bandeira será atribuída para cada região. A primeira ocorre no indicador que calcula o crescimento de hospitalizações. Pelo modelo em vigor, uma região só passa da bandeira amarela para laranja se as hospitalizações por covid-19 crescerem entre 0% e 50% de uma semana para a outra. Para subir da bandeira laranja para amarela, entre 50% e 100% e, para a preta, acima de 100%. Com a mudança, basta um aumento entre 5% e 20% para migração para bandeira laranja, de 20 a 50% para bandeira vermelha e acima de 50% para bandeira preta. Porém, a subida neste indicador não indica que uma região terá a mudança na cor da bandeira, pois o cálculo é feito a partir da média dos 11 indicadores.

Já o segundo tipo de mudanças ocorre na estrutura de quatro dos 11 indicadores adotados pelo modelo. O primeiro indicador alterado é o de óbitos, que antes levava em conta as mortes registradas nos sete dias anteriores à atualização das bandeiras e, agora, também levará em conta projeções para os 14 dias seguintes. Segundo Leany, o indicador atual reflete o cenário da epidemia com defasagem, visto que mortes são resultados de contaminações que ocorreram semanas antes. “É um indicador bom para mostrar como estamos, mas não é bom para mostrar como será”, disse Leany, acrescentando que o novo indicador permitirá antecipar os efeitos do avanço da pandemia.

Por fim, o último tipo de mudanças ocorre em gatilhos usados pelo governo para controlar a mudança de bandeiras. A primeira delas reduz de cinco para três o limite de novos registros de hospitalizações por covid-19 para redução da bandeira laranja para a amarela. Já a segunda torna mais difícil a redução para uma região que atingir as bandeiras vermelha ou preta. Atualmente, a migração de uma destas bandeiras para um estágio anterior poderá ocorrer a cada semana. Com a mudança, uma região só poderá deixar estas bandeiras depois de duas semanas de redução dos indicadores. Segundo Leany, essa é uma medida de cautela que busca evitar reações a “falsas melhoras”.