Filas nos terminais, ônibus cheios e passageiros receosos: o transporte coletivo em meio ao coronavírus

Apesar da suspensão de diversas atividades na Capital, situação não apresentava mudanças nos principais pontos de ônibus na manhã desta terça-feira.

Apesar do anúncio de suspensão de atividades presenciais em diversas empresas, órgãos públicos e instituições de ensino devido ao coronavírus, a terça-feira (17) começou com efeitos pouco visíveis no transporte coletivo de Porto Alegre. GaúchaZH percorreu quatro terminais de ônibus onde, historicamente, há aglomeração de passageiros e constatou que a situação não era diferente nesta manhã.

— Do que adianta suspender as aulas e ficar empilhando gente nos ônibus? — questionou o condutor de uma linha que atende a Região Metropolitana e que pediu para não ser identificado.

O terminal Antônio de Carvalho, na Zona Leste, apresentava fila às 6h30min, com dezenas de pessoas aguardando a saída das linhas T11 e 441. Os coletivos que param no local, vindos do bairro Lomba do Pinheiro, tinham lotação máxima, com diversos passageiros em pé.

— O pior é que muita gente fecha a janela dentro do ônibus — reclamou Rafaela Vargas, 32 anos, enquanto aguardava para ir à escola particular onde trabalha.

Na saída dos coletivos do terminal Princesa Isabel, no bairro Azenha, o mesmo cenário: lotação e pessoas muito próximas umas das outras nas filas formadas às 7h. Apesar de ser integrante do grupo de risco, Olivio Eugênio de Souza, 75 anos, afirma que não pode deixar de prestar os serviços de manutenção nos edifícios que atende.

— Tenho que trabalhar — disse.

Tiago Boff / Agencia RBS
Alessandro Silva é motorista da linha 178Tiago Boff / Agencia RBS

A linha 178-Praia de Belas deixou a estação com quase todos os assentos ocupados. Casado e pai de duas filhas, o motorista Alessandro Silva, 48 anos, teme levar o vírus para dentro de casa. 

— Quando lota muito, não consigo manter distância, fica todo mundo encostado. Mas tem que trabalhar, não importa se tem 10 ou cem passageiros.

Ao lado do Mercado Público, a situação se repetia: passageiros em fila à espera dos coletivos, tanto nas paradas da calçada quanto no terminal Parobé. Ao descer do D72, às 7h30min, o administrador Dirceu Manfro, 37 anos, não demonstrou preocupação com o excesso de pessoas confinadas no veículo. Funcionário do Hospital Presidente Vargas, relatou uma mudança positiva para quem corre contra o tempo a caminho do trabalho. 

— Tem menos carros nas ruas, (o trânsito) flui melhor. Foi bem rápido — afirmou.

Já no terminal Triângulo, na Avenida Assis Brasil, na Zona Norte, veículos cheios antes mesmo de arrancar da parada, no começo da manhã.

— Na empresa em que eu trabalho tem álcool gel. Mas aqui não. Não tenho como não me segurar nas barras, o T4 está sempre lotado. Só com fé — comentou Peterson da Silva, 27 anos.

O que diz o prefeito

Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o prefeito Nelson Marchezan disse acreditar que o número de usuários do transporte público diminua “drasticamente”. No momento, a prefeitura vem acompanhando a movimentação de passageiros e realizando serviços de higienização nos veículos.