Jornal Zero Hora sai em socorro ao governo Sartori

A matéria “Sem socorro federal, Tesouro do RS corre risco de ser gerido por liminares da Justiça”, publicada hoje (02) no jornal Zero Hora, na ânsia de socorrer o governo Sartori/PMDB, causa um desserviço ao nosso estado. O argumento principal é de que, caso não seja aprovada a renegociação da dívida com a União, o governo perderá seu poder de decisão sobre o destino dos recursos públicos. Um dos principais motivos, levantado pela matéria, seriam as decisões judiciais que obrigam o governo a pagar os salários dos servidores. O texto só esquece de um detalhe: os salários não estão sendo pagos e nesse mês o governo pagou apenas R$ 650.

Encontro das folhas é o novo fantasma dos gaúchos

No mesmo estilo do governo Sartori, o jornal Zero Hora pratica o terrorismo explícito com a população gaúcha. De acordo com a matéria, a partir de setembro teremos o famoso encontro das Folhas de Pagamento. Com isso, estará instaurado o caos no Rio Grande do Sul, não sendo possível pagar nenhuma outra despesa do Estado. Entre essas despesas, o jornal destaca o pagamento da merenda e do transporte escolar. De acordo com a matéria, o governo deixará de dar comida e transporte para as nossas crianças para pagar os salários dos marajás do serviço público.

Em nenhum momento, o jornal apresenta algum número que justifique o tal encontro das folhas de pagamento. O anúncio do caos se baseia, única e exclusivamente, na palavra do secretário da Fazenda do governo Sartori/PMDB. O mesmo secretário que anunciou um déficit de mais de R$ 4,5 bilhões para o ano de 2015 e apurou um resultado de pouco mais de R$ 100 milhões ao final do ano. O que mostra que Giovane Feltes não é muito bom de previsões.

Sem citar um único número, o jornal anuncia o caos, caso o governo não assine a renegociação da dívida com a União. Perguntas como para onde foi o dinheiro do aumento dos impostos, da venda da folha para o Banrisul, dos saques dos depósitos judiciais e dos créditos tributários da GM? Quanto o governo deixa de arrecadar com as isenções fiscais para grandes empresas? Quanto o governo gastou com publicidade esse ano? Qual é o déficit real do governo? Não são feitas e muito menos apuradas.

Objetivo é aprovar a renegociação da dívida do RS com a União

Uma das primeiras lições para um bom jornalista é aprender a fazer as perguntas certas para as pessoas certas. Se levarmos isso em consideração, essa matéria é um verdadeiro fracasso. Porém, se levarmos em consideração os verdadeiros interesses do jornal Zero Hora e do governo Sartori/PMDB, a matéria é um verdadeiro sucesso.

O primeiro objetivo da matéria, a aprovação da renegociação da dívida com a União, fica claro quando o jornal coloca apenas duas alternativas para o RS: ou aprovamos o acordo da dívida ou teremos o caos instalado no nosso estado, que ficará sem merenda, transporte para as crianças e combustível para as viaturas policiais.

O segundo objetivo aparece quando a matéria tenta mostrar que o nosso governador não está medindo esforços para evitar o caos no nosso estado, indo a Brasília e percorrendo todos os gabinetes e defendendo os interesses dos gaúchos. Aí vemos claramente a preparação da reeleição do governador Sartori/PMDB nas eleições de 2018.

Governo precisa enfraquecer os sindicatos para acabar com o serviço público

Completando o serviço, a matéria do jornal Zero Hora aponta as baterias para os principais adversários do governo Sartori/PMDB: os sindicatos dos servidores públicos estaduais. Com o título “Menos sindicalistas pagos pelo Estado”, o jornal mostra claramente quem são os adversários. Usando de falsas verdades, a matéria apresenta a liberação de servidores para exercerem a atividade sindical como um dos problemas das finanças estaduais. Uma grande mentira. Antes de ser sindicalistas, esses trabalhadores são servidores concursados e, caso aprove a medida, o governo não deixará de pagar os salários desses servidores. O que acontecerá é que eles deixarão de exercer a atividade de dirigentes sindicais.

Além disso, o total dos vencimentos desses servidores é, aproximadamente, o mesmo valor pago a apenas uma agência de publicidade que atende o governo do Estado. Segundo o portal da transparência, a Agência CPL – Centro de Propaganda Ltda recebeu , apenas em 2017, o valor de R$ 7.692.004,26 referente a serviços de publicidade. Um dos donos dessa Agência de publicidade foi presidente da Comissão Especial de Publicidade do Estado durante o governo Rigotto, do mesmo PMDB do governador Sartori. Mas, de acordo com o jornal Zero Hora, o problema do RS, hoje em dia, é a liberação dos dirigentes sindicais para atuarem nos sindicatos. Afinal, é mais fácil atacar o movimento sindical do que cortar os contratos com os amigos do PMDB.

Matéria indica ataques que virão pela frente

Essa reportagem não é gratuita. Ela tem objetivos claros e indica aos servidores públicos e à população os ataques que estão por vir. A renegociação da dívida com a União tem apenas um objetivo: vender o patrimônio do nosso estado. Uma renegociação que aumenta o total da dívida em mais de R$ 10 bilhões, cria novas dívidas e ainda obriga o Rio Grande do Sul a entregar seu patrimônio, não se justifica. Uma mostra do que pode acontecer com o nosso estado, é o Rio de Janeiro. Lá, a Assembleia Legislativa aprovou a renegociação e a venda das estatais e hoje o estado encontra-se falido e sem perspectiva de saída do buraco em que se meteu.

O objetivo do governo, com esse acordo, não é resolver os problemas financeiros do estado. É entregar a CEE, a CORSAN e o Banrisul à iniciativa privada, além de retirar direitos dos servidores públicos, como reajustes salariais, promoções e novos concursos. Caso o acordo seja aprovado, ficará claro que o anúncio do concurso para segurança pública, feito pelo governo Sartori/PMDB, não passou de propaganda enganosa.

Para o presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, “está claro que o foco dos gaúchos no próximo período, deve ser rejeitar a assinatura dessa renegociação com a União. Se hoje sofremos com a malfadada renegociação da dívida feita pelo governo Britto, daqui a dois ou três anos, estaremos lamentando, sobre os escombros do que sobrou do nosso estado, pelo acordo fechado agora. Se o Sartori/PMDB conseguir aprovar esse acordo, já podemos nos preparar para uma luta intensa pela manutenção do reajuste da nossa tabela de subsídios, e podemos nos preparar para um bom tempo sem promoções. Portanto, os policiais têm que estar atentos e mobilizados para barrar esse acordo na Assembleia Legislativa”