Mais uma tentativa de fuga de presos em uma delegacia gaúcha
Infelizmente, essa notícia já está virando rotina. Na noite desta quarta-feira (24), oito presos tentaram fugir das celas da DPPA de São Leopoldo, na região metropolitana. Os presos já haviam rompido as grades, barras de ferro e danificado os cadeados, antes de serem contidos pelos agentes que estavam no plantão. O objetivo deles eram alcançar os fundos do prédio para, assim, alcançarem as ruas. Após serem capturados, os presos foram colocados em viaturas, estacionadas no pátio da delegacia, onde permaneceram sob custódia de policiais civis e militares. Policiais civis de Porto Alegre foram deslocados para o local, afim de ajudar no controle da situação.
Por conta da tentativa de fuga, os atendimentos do plantão da madrugada foram suspensos, sendo retomado de forma parcial pela manhã, pois alguns policiais tiveram de ficar fazendo a custódia dos presos.
Sindicato já havia denunciado a falta de condições da DPPA de São Leopoldo
A UGEIRM vem, desde o ano passado, denunciando a falta de condições para funcionamento da DPPA de São Leopoldo. Já foram encaminhados pedidos de vistoria e interdição do prédio. A ocorrência desta quarta-feira foi apenas mais uma, na lista de absurdos ocorridos na delegacia. A rotina de alagamentos, superlotação das celas e falta de condições estruturais, coloca a vida dos policiais em risco constantemente. O Vice-presidente da UGEIRM, Fábio Castro, afirma que a situação revela o risco pelo qual passam os agentes de polícia que lá trabalham, segundo ele “em desvio de função”. “Caso os presos conseguissem sair de suas celas poderíamos estar lamentando a morte de mais um colega. Há quase um ano solicitamos ao Ministério Público a interdição daquele órgão, bem como a retirada imediata de todos os presos. Reiteramos várias vezes o pedido e nada. Impressiona a passividade das autoridades em relação a esse processo”, diz.
O promotor de justiça Thomás Henrique de Paola Colletto, afirma que foi procurado pelo sindicato em 24 de maio deste ano e que, na época, encaminhou aos órgãos competentes pedidos de providência diante das situações apresentadas e que davam conta da falta de um plano de prevenção contra incêndios, de problemas sanitários e da falta de condições estruturais adequadas.
O Promotor classifica como “crônica” a questão dos presos nas delegacias. “Lugar de preso não é na DPPA. Aqui temos detentos que aguardam vagas no sistema prisional dentro de um ônibus. As delegacias são projetadas para os abrigarem por, no máximo 24 horas, no período em que é lavrado o flagrante. Esta superlotação é algo grave, que coloca em risco a população e onera ainda mais os cofres públicos, uma vez que a Brigada Militar precisa manter guarnições, que poderiam estar em patrulhamento, custodiando esses presos”, comenta.
Colletto ainda destaca que recentemente a promotoria de controle interno entrou com ação civil pública pedindo providências ao Estado para a resolução deste problema. “O que tem acontecido é que o Estado tem sido descumpridor dessa ordem judicial”, frisa.