Mesmo com bandeira preta, RS tem 81 presos lotando celas das Delegacias
Nesta terça-feira (16), o nosso estado bateu mais um triste recorde: foram registradas mais de 500 mortes em decorrência da Covid-19. Porém, para os (as) Policiais Civis gaúchos (as), a realidade não mudou. As Delegacias continuam lotadas por presos, desafiando a absurda realidade de mais de 500 mortes diárias. Somente na semana passada, a categoria sofreu com a morte de seis Policiais Civis, em decorrência da Covid-19. Com a nova variante do Novo Coronavírus, a P1, a realidade se tornou ainda mais alarmante. Manter essa quantidade de presos nas Delegacias, é potencializar uma catástrofe que já está acontecendo no nosso estado.
Quase diariamente, o governador se pronuncia para anunciar novas medidas de restrição para tentar deter a progressão da Pandemia no nosso estado. Porém, essas restrições parecem não valer para os (as) Policiais Civis. Esses profissionais continuam convivendo com Delegacias sem restrição de acesso, com celas lotadas de presos e sem vacinação a vista.
DPPA de Canoas tem 22 presos e pode se tornar um foco da Covid-19 na cidade
Um dos casos mais graves, é da DPPA de Canoas, na Região Metropolitana. Na manhã desta quarta-feira (17), eram 22 presos na carceragem da Delegacia. Uma situação absurda, considerando o atual estágio da Pandemia no estado, particularmente na região metropolitana. Com a nova variante do Coronavírus, que tem um poder de contágio mais de duas vezes maior, isso é flertar com a possibilidade de uma explosão de casos na cidade. Concentrar presos, que normalmente não usam máscaras, em um local fechado, sem nenhuma ventilação, com espaço reduzido, é convidar que o vírus se propague de uma forma absurda. Essa propagação pode se espalhar pela cidade, afinal, os Policiais voltam para suas casas ao final do seu plantão.
A Justiça já determinou o esvaziamento de todas as carceragens das delegacias do estado. Mas, parece que as decisões judiciais, assim como a bandeira preta, não valem para os Policiais Civis. A situação atual é uma prova disso. A sociedade, o Judiciário, o Legislativo e o Ministério Público precisam tomar uma atitude urgente. Se a vida dos (as) Policiais Civis não consegue sensibilizar as pessoas, talvez a possibilidade de um agravamento ainda maior da Pandemia seja capaz de fazer alguém tomar alguma providência imediata.
Foto: Carceragem da DPPA de Canoas no início de 2020.